Amigo de Pelé relembra jogo que disputou contra o Rei; FOTOS RARAS

O ano era 1967 e Brasília comemorava o sétimo aniversário de existência com um acontecimento memorável: uma partida do Santos contra a Seleção de Brasília trouxe Pelé para disputar um jogo no Estádio Nacional de Brasília — o Pelezão — no Guará, então com dois anos de fundação, mas que foi demolido em 2009.

Em conversa com o Correio, Arnaldo Gomes, o ex-diretor-geral da gráfica do Senado e que também jogou por alguns times de Brasília, relembrou o momento em que conheceu o Rei e contou sobre as lembranças da partida. O carioca veio para a capital federal no fim de 1960, em dezembro, justamente por causa do futebol.

Foram apenas poucos meses depois de chegar que Arnaldo conheceu Pelé, em uma partida de futebol na cidade em 21 de abril de 1961, em um campo de futebol na Candangolândia, para celebrar o aniversário de Brasília. A partida era entre Santos e a Seleção de Brasília e terminou 4×0. Nem Pelé nem Arnaldo entraram em campo, mas dali surgiu uma grande amizade entre os dois.

Arnaldo conta que os dois ficaram amigos ali e curtiam muito juntos, já que eram solteiros. “Ele era dois anos mais velho que eu. Quando o conheci, tinha 18 anos e ele 19, 20”, recorda-se.

A página de Esportes do Correio na data ressaltou a ausência de Pelé no jogo. “Pelé não jogou, mas foi aplaudido — O Rei Pelé foi demoradamente aplaudido quando entrou em campo. Mas o público ficou decepcionado: o famoso craque brasileiro estava sem o uniforme de jogo, o que significava que não iria jogar”, pontuou a reportagem.

A matéria ressaltou ainda que jogador estava contundido e por isso não entraria em campo. “Mesmo assim, Pelé foi a ‘vedeta’ no gramado e fora dele. Deu autógrafos, posou para fotógrafos e abraçou os fãs”, afirmou o texto também.

FOTOS: REPRODUÇÃO CORREIO BRAZILIENSE

FOTOS: REPRODUÇÃO CORREIO BRAZILIENSE

Um jogo significativo entre dois amigos

Arnaldo e Pelé estiveram juntos em campo uma única vez, também em uma partida que celebrava o aniversário de Brasília, só que em 1967. Arnaldo pela Seleção de Brasília e Pelé novamente pelo Peixe. “O jogo foi em maio porque o Santos estava em excursão”, relembra Arnaldo. Ele brinca que mesmo tendo se passado quase 60 anos da data, lembra-se bem da partida.

O jogo terminou 5×1 para o Santos. O primeiro tempo terminou em 2×0 e o time de Brasília teve a chance de marcar um gol com um pênalti — em uma falta em cima de Arnaldo, que jogava de ponta esquerda — mas não conseguiu converter o gol.

A reportagem que contava a história do jogo pontuou os principais nomes da partida. “Marcando dois a zero no primeiro tempo, por intermédio de Pelé e Coutinho, para chegar aos 5 a 1, ao final, com tentos de Wilson, Douglas e Toninho, contra um de Aderbal”.

FOTOS: REPRODUÇÃO CORREIO BRAZILIENSE

O texto do Correio também deu destaque ao gol marcado por Pelé. “O internacional Pelé jogou muito bem, sendo o melhor de sua equipe, e logo aos dois minutos de jogo conseguiu fazer um gol, intensamente aplaudido pelo grande público que compareceu ao Estádio de Brasília”.

A partida jogada ao lado de Pelé foi alguns anos antes da Copa de 1970, e Arnaldo lembra que a presença do Rei, no que depois se tornaria o Tricampeonato brasileiro, ainda era dúvida.

Ele conta ainda que soube de grandes histórias da vida de Pelé, uma delas sobre o pai dele, o ex-jogador Dondinho. “O pai dele ficou muito arrasado com a derrota do Brasil em 1950 para o Uruguai e Pelé falou que iria ganhar uma Copa para ele, e conseguiu, oito anos depois”, lembra Arnaldo.

Arnaldo seguiu a carreira de jogador de futebol por cerca de 10 anos até começar a trabalhar na Gráfica do Senado Federal. “Naquele tempo não dava dinheiro”, relembrou ele. Entretanto, o ex-jogador marcou a história do futebol brasiliense sendo o primeiro a marcar um gol com a camisa da seleção da cidade.

A reportagem do Correio, mostrava a partida de 21 de abril de 1962 entre a Seleção de Brasília e o Vasco. “A Seleção de Brasília empatou com o Vasco no segundo aniversário 1×1”, dizia a manchete. “Aos quinze minutos surgiu o tento da seleção, quando Arnaldo arrematou com segurança e violência, vencendo a Ita quase sem ângulo, teórico”, destacou o texto na data.

FOTOS: REPRODUÇÃO CORREIO BRAZILIENSE

FOTOS: REPRODUÇÃO CORREIO BRAZILIENSE

Outras histórias, várias lembranças

Arnaldo e Pelé se viram várias vezes ao longo dos anos, mantendo contato em momentos marcantes da vida dos dois. Arnaldo se casou com Cecília, que foi advogada de um dos filhos do Rei. “O Arnaldo e a Cecilia são meus irmãos de Brasília”, era como Pelé se referia ao falar do amigo e da esposa dele. O casal viajou junto também para o aniversário de 70 anos do Rei e ficaram por mais de uma semana hospedados na casa dele.

Além disso, Arnaldo se recorda da brincadeira que ele e Pelé faziam, já depois de fazerem 60 anos. “Ele brincava comigo quando saiu o Estatuto do Idoso. ‘Nós podemos enquadrar, temos mais de 60 anos'”, riam eles em frentes às esposas.

O Rei Pelé viria ao aniversário de 1 ano do filho de Arnaldo, João — que hoje tem 13 anos — mas não pôde por causa de compromissos. “Ele já falou com meu filho, que era muito fã de Pelé”, lembra o ex-jogador.

Entre as histórias que mais se recorda, há a lembrança da vinda do Pelé a Brasília para a inauguração do Centro Olímpico na Ceilândia. “Arnaldo, encontra comigo na casa do governador”, disse Pelé ao amigo. Juntos, foram à casa do então governador do DF, José Roberto Arruda.

Os dois também tinham amigos em comum. O médico dos dois, Eduardo Gomes, chegou a ser padrinho de casamento dele com Cecília. “Agora, antes dele falecer, uns dias antes, nós conversamos com o doutor Eduardo que disse que se conseguisse visitar (Pelé), ele ia avisar para que falássemos com ele (Pelé)”, contou.

As várias fotos que coleciona ao lado do amigo marcaram a memória. Imagens de Arnaldo ao lado da esposa e Pelé, memórias do jogo disputado entre eles, onde inclusive os dois trocaram flâmula e as camisetas assinadas pelo Rei, uma do Santos e outra da Seleção Brasileira.

As lembranças que ficam do amigo são do que ele representava para toda a nação brasileira. “Eu estive uma vez na Alemanha em 1972 e todos falavam sobre o Pelé: ‘Brasil é Pelé’. E eu mostrava a foto que tenho com ele em 1967”, recordou-se.

FOTOS: REPRODUÇÃO CORREIO BRAZILIENSE

FOTOS: REPRODUÇÃO CORREIO BRAZILIENSE

FOTOS: REPRODUÇÃO CORREIO BRAZILIENSE

FOTOS: REPRODUÇÃO CORREIO BRAZILIENSE

FOTOS: REPRODUÇÃO CORREIO BRAZILIENSE

FOTOS: REPRODUÇÃO CORREIO BRAZILIENSE

FOTOS: REPRODUÇÃO CORREIO BRAZILIENSE

FOTOS: REPRODUÇÃO CORREIO BRAZILIENSE

FOTOS: REPRODUÇÃO CORREIO BRAZILIENSE

FOTOS: REPRODUÇÃO CORREIO BRAZILIENSE

FOTOS: REPRODUÇÃO CORREIO BRAZILIENSE

 

PUBLICIDADE