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Blog do Ton: “Pandemia não é mais desculpa para atraso no desenvolvimento”, diz José Adriano

Por TON LINDOSO, PARA O CONTILNET

Presidente da FIEAC, José Adriano/Foto: Reprodução

Entre uma e outra agenda, tive a oportunidade e a satisfação de ser recebido pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre, José Adriano, para falar sobre o novo momento do Acre e do país. Com o avanço das políticas de contenção da pandemia causada pelo covid-19, novos governos eleitos, uma bancada acreana 100% renovada, procurei o presidente para ouvir dele o que a indústria espera desse próximo ciclo.

A boa conversa, que você acompanha a seguir na íntegra, foi recheada de declarações fortes. Logo nos primeiros momentos, Adriano, ao falar do novo momento político, crava: “A pandemia não é mais desculpa”, referindo-se às obras de infraestrutura necessárias ao desenvolvimento do Estado.

Para ele, chegou a hora de os gestores municipais ‘mostrar trabalho’, transformando recursos em obras, o que além de fazer o capital girar e voltar aos cofres em arrecadação, traz desenvolvimento e dignidade. O presidente trata obras como a BR-364 como obras para além da pasta de infraestrutura: elas são de interesse social, porque trazem desenvolvimento e dignidade às famílias.

“Elas não podem ser discutidas, Ton, do ponto de vista da viabilidade econômica, mas sim social, porque somos um estado pobre. As pessoas que estão ao longo da BR têm esse direito. Enquanto indústria, nossa missão é unir os setores com essa preocupação. Não esperar isso das lideranças políticas, mas nos colocarmos na discussão como agentes ativos. E como isso acontece? Chamando as lideranças, as autoridades, e cobrando soluções em um formato mais definitivo”.

Acompanhe:

Blog do Ton: Para começar, vamos falar um pouco sobre o que a indústria espera dos atuais governos?

José Adriano: Apostamos muito no segundo mandato do governador Gladson, confiantes em novos investimentos à iniciativa privada. Estamos em fase de maturação da lei de compras governamentais, o que além de internalizar os recursos do estado, traz benefícios para toda a base direcionada a comércio e serviços, além do setor primário. Esperamos também estender esse projeto e levar aos municípios, resgatando assim a autoestima dos empresários locais.

Esse ano é interessante por uma série de razões que vão além, diga-se de passagem, dos novos governos no Estado e na esfera federal. Temos, por exemplo, possíveis candidaturas à reeleição de prefeitos e eles precisam mostrar isso [mostrar trabalho] para a população. Isso se traduz em obras, empregabilidade, investimentos. E, além disso, sabemos que a pandemia já passou, ela não é mais desculpa para ninguém. Usá-la como desculpas para justificar atraso no desenvolvimento não é uma opção. Agora tem que trabalhar.

Nós solicitamos algumas informações, com o objetivo de acompanhar onde serão feitos esses investimentos. Isso, claro, sem deixar de acompanhar de perto as obras que já foram iniciadas, como o Anel Viário de Brasileia, que nos preocupa bastante do ponto de vista da inércia, pois é uma obra estratégica e que sempre sonhamos; assim como foi a obra da ponte sobre o Rio Madeira. Nossa esperança é ter a bancada federal empenhada em concretizar esse e outros sonhos.

Temos também a BR-364, lembrada todos os anos. Mas é assim que deve ser, até porque temos sonhos para ela. Existe um projeto discutido com o DNIT que queremos pôr em prática em nível de Ministério dos Transportes, porque trata da reconstrução da BR em um determinado trecho. Enfim, temos agora um alinhamento do Governo do Estado com o setor produtivo com secretarias estratégicas, que aliás queremos contribuir com sugestões, e estamos na expectativa de colher bons frutos nesse novo ciclo.

Blog: Vou voltar ao assunto BR-364, porque é um assunto recorrente nos últimos dias por conta das questões políticas. Pode falar um pouco mais sobre esse projeto?

Adriano: Na verdade, desde 2016 nós discutimos o desenvolvimento do Estado olhando para a infraestrutura posta. A BR-364 é um modal estratégico. Junto da 317, são as únicas BRs que temos. Elas não podem ser discutidas, Ton, do ponto de vista da viabilidade econômica, mas sim social, porque somos um estado pobre. As pessoas que estão ao longo da BR têm esse direito. Enquanto indústria, nossa missão é unir os setores com essa preocupação. Não esperar isso das lideranças políticas, mas nos colocarmos na discussão como agentes ativos. E como isso acontece? Chamando as lideranças, as autoridades, e cobrando soluções em um formato mais definitivo.

Por conta disso, encampamos junto ao DNIT ações como vistorias para acompanhar a situação da BR, com apoio direto de entidades ligadas. Com isso, nós mostramos que precisamos, sim, de soluções emergenciais, mas precisamos também de soluções efetivas. E foi em torno dessa necessidade de uma solução efetiva que construímos esse projeto. Alinhamos com o DNIT alguns pontos e chegamos a um formato que consideramos o mais ideal, um formato realmente perene.

Temos uma empresa que faz o levantamento de custos para sabermos quanto custará e, só para você ter uma ideia de como funciona, essa obra vai fazer uma reconstrução com uso de macadame hidráulico, que é o uso de rocha, e é uma tecnologia fácil de dar manutenção. É um processo mais caro; porém, mais definitivo.

Com relação ao custo de manutenção, nossa expectativa é sensibilizar a bancada federal. Durante o período de governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, o DNIT destinou valores na casa dos R$ 90/95 milhões por ano para os dois trechos. É um valor longe da realidade e que não traduz a necessidade em termos de manutenção. Esperamos o apoio dos nossos parlamentares nesse sentido. Até porque é uma questão de justiça e respeito com quem mora ao longo das duas vias.

Blog: Falamos de justiça, respeito, questão social e é impossível não lembrar que somos um estado dependente de recursos federais. Já dá para fazer alguma leitura sobre o novo governo federal? Ele será um amigo do desenvolvimento? Ou ainda é cedo?

Adriano: Estamos otimistas. O vice-presidente, e agora ministro da Indústria, é um empresário. Tem uma relação empresarial muito forte com o empresariado, sobretudo, de São Paulo, e muito bem relacionado dentro da nossa confederação [a CNI]. Isso nos deixa mais confortáveis.

No entanto, sabemos que dentro dessa mesma proposta de reindustrialização – o que nos deixou animados – existem outras que nos preocupam, olhando para a colcha de retalhos que é o nosso país. Ele fala, por exemplo, em zerar o IPI. Isso ataca a Zona Franca. Nós precisamos entender que o Brasil é literalmente esse emaranhado de recortes que são as regionais. Mas isso são as particularidades. No geral, acreditamos numa boa interação com o Governo Federal.

Blog: Aproveitando o assunto política, não poderia deixar de perguntar sobre alguma expectativa de sua parte para daqui dois anos. Ela existe?

Adriano: A expectativa que temos como indústria é uma expectativa comum, colegiada. Ainda é cedo para discutir sucessão municipal, mas claro que sabemos que isso vem sempre à tona nas discussões. O que eu posso dizer é que, na hora que tivermos nomes mais definitivos à nossa disposição, podemos criar maiores expectativas.

Por enquanto, a gente segue trabalhando aquilo que consideramos a melhor proposta para alavancar a economia no ponto de vista da indústria e setores ligados. Nós temos que manter sempre firmes a ideia de que os mandatos políticos encerram, mas nosso trabalho pensando no desenvolvimento do Acre são perenes. Eles ultrapassam os mandatos.

Blog: Falamos sobre os executivos municipais e suas necessidades de transformar o dinheiro em caixa em obras. Existe alguma conversa com esses executivos? É feito algum acompanhamento? Se sim, como?

O executivo municipal é dependente de um projeto bem feito e de servidores que consigam colocar esses projetos em prática. Em função da pandemia, claro que houveram todos os descontos necessários, muito por conta do momento que passamos. Os prefeitos com municípios com menores condições tecnológicas deixaram a desejar.

Na Capital, temos uma grande expectativa de obras por todo o município. Milhares de casas, pontes de concreto com projetos que entregamos prontos, projetos de prédios de quatro pisos, reformas de creches, do Terminal Urbano, construção do Elevado da AABB, são muitas obras prometidas e a prefeitura afirma que possui dinheiro em caixa. A prefeitura precisa jogar esse dinheiro em caixa na praça para retornar multiplicado em arrecadação.

Nos demais municípios, olhamos com preocupação. Sena Madureira, Cruzeiro do Sul, olhamos com muita preocupação. Estamos vendo reajustes a servidores, reajustes em Câmaras, o que é muito bom e justo, vemos outras ações mas não estamos vendo ações que, além de levar desenvolvimento, multiplicam a arrecadação. Estamos continuamente em contato com as associações municipais para fazer esse acompanhamento. Eles possuem mais dificuldade e estamos aqui para ajudar.

Blog: Quer aproveitar o espaço e deixar suas considerações finais?

Adriano: Quero desejar que tenhamos um ano de 2023 de paz. Embora estejamos sempre pedindo por isso, não foi isso que vimos no último dia 08. Foi um triste episódio. Precisamos superá-lo e precisamos de garantias de que isso não volte a acontecer. Já temos problemas demais para resolver para permitir que se discutam ideologias de uma forma tão agressiva! Estou ansioso para o início do Campeonato Brasileiro, para que a gente pare de falar disso e fale apenas de futebol porque é melhor [risos].

No mais, desejar que vocês [da imprensa] continuem atentos. Vocês desempenham uma função importante, e mostraram isso. Tenho muito respeito pela imprensa e minha expectativa é que isso permaneça. Temos uma imprensa mais presente e isso é bom, ajuda em todos os sentidos.

Sempre bom

O presidente José Adriano é uma daquelas pessoas com quem temos aquelas prosas demoradas, porém ricas e qualificadas. A entrevista possui diversos pontos impossíveis de serem ignorados; vale à pena, portanto, acompanhar. É sempre bom bater um papo com personalidades assim.

Reconciliação

Integrantes da Casa Civil e Segov convidaram o senador Alan Rick para comer uma bolacha Miragina. No teor das conversas, uma reconciliação do governo com o agora senador. Importante agenda.

Oba-oba

Ainda é cedo, mas por enquanto a única coisa que mudou em algumas secretarias foi a qualidade das imagens que vão às redes sociais. O governador Gladson está com sangue nos olhos para levar um governo de qualidade à população. Não é tempo de oba-oba.

Rosana Cavalcante

A excelente reitora do Ifac, Rosana Cavalcante, abriu mão de um pedacinho de suas férias por um motivo nobre: representar o instituto em pautas junto ao Governo Federal. Ela registrou em redes um encontro com o presidente Lula e o ministro da Educação, Camilo Santana.

Repertório

Não desmerecendo nada nem ninguém — e sabendo que isso não diz nada sobre trabalho — mas é admirável o repertório do secretário de Segurança, José Américo Gaia. Assisti uma entrevista cedida ao grande Roberto Vaz e, a depender de bagagem técnica do secretário, estamos muito bem, obrigado.

Passarela

Não é de hoje que a passarela da região central de Rio Branco apresenta problemas de estrutura. Não sei quem são os responsáveis, mas precisam agir com urgência para não causar um grande acidente.

Prazo vencido

No mundo corporativo, principalmente quando me tornei Gestor de Marketing da Febracis, uma instituição de desenvolvimento humano presente em três continentes, aprendi que o urgente é algo que já foi prioridade, mas com prazo de validade vencido. Seria bom que alguém reunisse grande parte dos gestores públicos do Acre para falar um pouquinho sobre.

Nova forma

O prefeito Tião Bocalom tem adotado uma nova forma de fazer gestão: está indo para as comunidades junto com as máquinas da prefeitura, fiscalizando os trabalhos e ouvindo a população. Eu apelidei por aqui essa ação de Operação Mutirão. A repercussão da ação é extremamente positiva.

Bate-rebate

– Na quinta-feira (19), grande parte da imprensa e política parou para parabenizar Silvania Pinheiro por mais um ano de vida (…)

– (…) É uma das profissionais mais competentes e admiráveis do Acre.

– Os Patriotas do Acre continuam presos aguardando a decisão do Xandão (…)

– (…) Agora, eles precisam de todos os direitos humanos que quiseram acabar. O mundo não gira, capota.

– Boa a aproximação das pastas de Assistência Social e Mulheres do Estado com a prefeitura de Rio Branco (…)

– (…) Tomara que aconteça em todo o Acre. Márdhia El-Shawwa foi um grande acerto dessa atual leva de gestores.

– Falando em gestor: um deles, de algum lugar desse estado grande e de muros altos, apadrinhou ninguém menos que seu amado pupilo. Com um generoso salário, me disse uma fonte (…)

– (…) O amor é lindo!

– Quero aproveitar o espaço e saudar meu colega Thiago Cabral, que comandou com maestria a coluna Pimenta no Reino, aqui no nosso site (…)

– (…) E dar boas-vindas ao Samuel Willard, que agora assume a função. Mãos à obra!

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