Brasil e Argentina devem analisar a criação de uma moeda comum do Mercosul (Mercado Comum do Sul) durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao país, de acordo com o jornal britânico Financial Times.
O plano seria impulsionar o comércio e reduzir a dependência do dólar. No entanto, os países continuariam usando paralelamente suas moedas locais: o peso e o real.
Segundo a reportagem, a ideia será discutida em uma cúpula em Buenos Aires neste semana e outros líderes da América Latina também foram convidados a participar. A sugestão brasileira é que a moeda se chame “sur”.
O ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, disse ao jornal britânico que se trata de um projeto bilateral entre as maiores economias da América do Sul e seria apresentado aos outros países da América do Sul como um “convite”.
Massa afirmou ainda que Brasil e Argentina devem discutir possíveis estudos sobre a viabilidade do projeto.
“Haverá uma decisão de começar a estudar os parâmetros necessários para uma moeda comum, que inclui desde questões fiscais até o tamanho da economia e o papel dos bancos centrais”, disse.
“Não quero criar falsas expectativas. É o 1º passo de um longo caminho que a América Latina deve percorrer”, afirmou Massa.
A ideia, mesmo que confirmada, pode demorar anos para se concretizar. O ministro lembrou que a UE (União Europeia) levou 35 anos para criar o euro.
Pessoas envolvidas na negociação afirmaram ao Financial Times que a medida já foi discutida nos últimos anos, mas fracassou diante da oposição brasileira a ideia. O assunto voltou a ser cogitado depois da ascensão de 2 líderes de esquerda nos países.
No 3º dia de governo Lula, o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, já havia afirmado que os países iriam trabalhar juntos pela “moeda comum” do Mercosul. A declaração foi dada logo depois de uma reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
No entanto, Haddad negou a proposta 2 dias depois. Segundo a Agência Estado, o petista disse que “não existe uma moeda única, não existe essa proposta”.
De acordo com a reportagem divulgada pelo jornal britânico, um comunicado oficial sobre o assunto deve ser realizado durante a visita de Lula à Argentina. O presidente desembarca neste domingo (22.jan.2023) em Buenos Aires, para uma série de encontros bilaterais com países da América do Sul e para o retorno do Brasil à Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos).
Essa é a 1ª viagem internacional do chefe do Executivo depois de ter tomado posse, em 1º de janeiro. Desde que foi eleito, em outubro do ano passado, Lula já havia indicado que priorizaria uma visita à Argentina. Ele chegou a prometer a viagem para antes da posse, mas postergou a ida para janeiro devido às articulações para montar seu governo.
A Argentina foi estratégica nos 2 primeiros governos do petista (2003 a 2010) e um dos países mais visitados por Lula. Em 2002, ele escolheu o país vizinho para sua 1ª viagem como presidente eleito. O petista foi ao país em 2 dezembro daquele ano. Em janeiro de 2003, o então presidente argentino, Eduardo Duhalde, visitou o Brasil.