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Conheça o acreano que recebeu apoio de Alok e assessora 1ª deputada indígena de MG

Por EMANOEL RODRIGUES LACERDA, PARA O CONTILNET

Com 27 anos, o indígena assume um papel importante no futuro da luta pelos direitos indígenas/Foto: Reprodução

O acreano Thiago Yawanawá, do povo Yawanawá, irá integrar o gabinete da deputada federal Célia Xakriabá, a primeira indígena eleita pelo estado de Minas Gerais.
Fotógrafo e graduado em marketing, Thiago inicialmente faria parte da equipe de assessoria do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), pasta comandada pela deputada federal e ativista indígena Sonia Guajajara, mas optou por ser assessor de Xakriabá.

Com 27 anos, o indígena assume um papel importante no futuro da luta pelos direitos indígenas, fazendo parte do time da chamada Bancada do Cocar, um surgimento embrionário de lideranças indígenas no congresso que buscam a demarcação de terras e barrar o garimpo legal.

Trajetória

Nascido em Rio Branco, Thiago Yawanawá faz parte do povo Yawanawá, da Terra Indígnea do Rio Gregório-Acre. Formado em Marketing e graduando em Administração, começou sua carreira ainda no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Acre (IPHAN/Acre), como estagiário, durante 6 meses. Em São Paulo, trabalhou durante 6 anos para o músico brasileiro Dj Alok e fez parte do time de marketing da agência de artistas Artist Factory Management. De sua trajetória, vale destacar principalmente os trabalhos de comunicação que fez e ainda faz em conjunto ao movimento indígena nacional e internacional, como fotógrafo e cineasta, além de trabalhos de etnoturismo junto ao seu povo.

“A câmera é uma flecha nas nossas mãos, com ela podemos fazer grandes registros”, conta Thiago, que aponta o pai, Tashka Yawanawá, como sua grande inspiração. Tashka, que também é cineasta, é um importante líder indígena Yawanawá, reconhecido internacionalmente. “Aprendi observando ele trabalhando na aldeia, registrando fotos e filmando. Nunca fiz especialização na área, mas sim na prática. Foi muito engraçado porque quando ele não estava com a câmera na mão, pegava a câmera para tirar fotos de árvores, do rio e do final da tarde na aldeia”.

Uma grande amizade

 

Em visita ao Acre em 2016, o músico Alok Petrillho, mais conhecido como DJ Alok, foi recebido por Thiago, que o levou para conhecer o território Yawanawá e apresentar ao artista seu povo e sua família. “Eu estava responsável por receber ele, na vila São Vicente, a 90 quilômetros de Tarauacá, onde foi nosso primeiro contato. Acompanhei ele e apresentei à minha família. Durante os cinco dias que ele ficou na aldeia, ficamos bem próximos, conversando sobre coisas do mundo dele e do meu, falando um pouco da nossa realidade para ele”, relembra Thiago.

“Quando eu fui fazer uma prova na Universidade Federal de Campinas, ele me chamou pra ir conhecer o apartamento dele e me levou pra um show dele, e surgiu o interesse de acompanhar ele e trabalhar junto. Em São Paulo, ele conseguiu um emprego para mim, comecei a trabalhar, estudar, fazer faculdade de Marketing, foram 6 anos de experiência com ele. Sou muito grato a ele por ter feito esse chamado pra eu ir pra São Paulo. Me sinto muito orgulhoso de ter conhecido o Alok e sou muito grato pelas oportunidades que ele me deu e grato por ele levar o nome do meu povo mais longe ainda, por gravar uma música com um Yawanawá, que vai sair no próximo filme dele”.

Ativismo

Em 2022, Thiago estava, entre outros milhares de indígenas, nos protestos em Brasília contra o marco temporal das terras indígenas, uma tese que propõe a revisão dos limites de terras indígenas e que favorece a bancada ruralista brasileira.

“Quando você vive no estado do norte, principalmente no Acre, vive outra realidade de território, de conflito, quase não existe no Acre. Mas infelizmente em outros estados ocorrem vários, com garimpeiros, fazendeiros, grileiros. Então vários parentes indígenas vivem um conflito muito intenso. Quando eu comecei a ir pro movimento indígena em Brasília, principalmente no do marco temporal, foi quando conheci várias pessoas de outros estados, outras etnias e culturas, em prol de direitos indígenas e contra o marco temporal. Pra mim foi algo muito incrível, por conhecer e saber que tem outra realidade vivida em outros territórios brasileiros, isso me tocou. Foi aí que eu pensei: ‘Eu não posso sair daqui. Eu tenho que ficar aqui”.

Foi durante esses eventos, ainda no governo Bolsonaro, que Thiago Yawanawá passou a acompanhar as então candidatas ao congresso, Célia Xakriabá e Sonia Guajajara, em agendas nacionais e internacionais, quando então recebeu de Célia o convite para ajudar na campanha da deputada federal. “Recebi esse chamado para ajudar na campanha, enquanto eu ainda trabalhava com o Alok. Fizemos uma campanha super linda e a Célia ganhou, com mais de 100.000 votos, e ela me chamou para continuar com ela em Brasília. E a Sonia ganhou em São Paulo. Então, estar ao lado de 2 lideranças fortes que representam o movimento indígena e todos os povos indígenas do Brasil é muito incrível. Fazer parte dessa história me deixa muito orgulhoso e com certeza a minha família também ficou muito orgulhosa”.

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