Peruanos lotam posto no Acre para revender combustível no país vizinho; VÍDEO

A onda de protestos no Peru, que pede a saída da presidente do país, Dina Boluarte, tem se intensificado ainda mais e afetado, inclusive, o Acre – onde as fronteira com o Brasil estão localizadas.

Vários produtos têm faltado no país vizinho e pelo menos 50 pessoas já foram mortas durante os protestos. A orientação da Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Acre (Sejusp) é que os acreanos não viajem para o local nesse período de tensão política, por conta dos atentados.

Nesta segunda-feira (23), um vídeo enviado com exclusividade à reportagem do ContilNet mostra grandes filas formadas no único posto de combustíveis que atende o município de Assis Brasil.

Os peruanos das cidades de Puerto Maldonado e Iñapari e do distrito de Iberia estão abastacendo corotes de gasolina para uso próprio e também para revender no país vizinho.

“Eles estão vindo em grupos para cá. As filas formadas já são gigantes e está demorando muito para conseguir abastecer”, disse o vereador de Assis Brasil, Wermyson Martins.

Embora o congestionamento prejudique o tempo de espera no empreendimento, Martins destacou que não faltará combustível na cidade. “O proprietário de lá me informou que mais um caminhão com gasolina está chegando ao município até o fim da tarde, o que fará com que a população daqui, especialmente, não fique sem abastecimento”, finalizou.

Entenda o que acontece no Peru

As manifestações iniciaram ainda em dezembro de 2022. Os militantes pedem mudanças políticas e querem também que haja responsabilização pelas mortes ocorridas durante os atos. Desde dezembro, os confrontos entre os grupos e as forças de segurança deixaram mais de 50 mortos.

Os manifestantes são pessoas que se opõe à atual presidente, Dina Boluarte. Na quinta-feira, muitos deles usavam camisetas contra ela e pediam a renúncia, além de novas eleições.

Muitas pessoas viajaram de regiões mais remotas do Peru até Lima. Parte dos manifestantes tem a mesma origem de Pedro Castillo, o presidente removido do cargo em dezembro: comunidades rurais nas montanhas dos Andes.

Nas regiões do sul do país, onde há mais comunidades rurais, as manifestações começaram pouco depois da queda de Castillo. A população do Peru é muito dividida entre essas comunidades, mais pobres, e as elites, que estão em grande parte concentradas em Lima.

Quem é Dina Boluarte e como chegou ao poder?

Dina Boluarte chegou ao poder depois que o Congresso aprovou o impeachment de Castillo. Ele foi destituído após uma tentativa de dissolver o Legislativo e decretar estado de exceção e toque de recolher no Peru.

Em julho de 2021, Dina Boluarte havia sido nomeada por Pedro Castillo ministra do Desenvolvimento e Inclusão Social do Governo. Ela renunciou ao cargo em novembro de 2022, após mais de um ano no ministério.

Ela criticou a tentativa de Castillo de fechar o Congresso. Ao assumir, Dina disse que houve uma tentativa de golpe de Estado de Pedro Castillo, e que o Congresso evitou isso.

A nova presidente pediu unidade de todos os peruanos e disse que é preciso conversar e tentar chegar a acordos. Dina anunciou que vai pedir para que o Ministério Público a ajude a tirar “as máfias” do governo e que o gabinete dela terá “todas as forças democráticas”.

No salão do Congresso havia representantes das Forças Armadas, que foram aplaudidos durante o discurso de Dina.

A nova presidente é da cidade de Chalhuanca, e formou-se em direito.

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