O jogador brasileiro Daniel Alves – preso na semana passada por suspeita de estupro e agressão sexual contra uma jovem em uma boate de Barcelona – foi transferido de prisão nesta segunda-feira (23) por questões de segurança.
Alves foi enviado nesta manhã ao presídio de Brians 2, a cerca de 40 quilômetros de Barcelona, para evitar risco à integridade física do jogador. Segundo a Secretaria de Justiça do governo da Catalunha, não houve nenhuma ameaça, e a transferência é preventiva.
Brians 2, que fica no mesmo complexo onde o brasileiro já estava desde sexta-feira, tem menos presidiários, a maioria já condenada – Daniel Alves cumpre prisão preventiva enquanto aguarda o processo.
Segundo o jornal catalão “La Vanguardia”, ele ficará em uma cela individual com banheiro. A Secretária de Justiça do governo da Catalunha não divulgou detalhes da transferência.
Um dos principais argumentos do governo catalão para a transferência de Alves é o de evitar a exposição do jogador, que é muito famoso na região, o que poderia trazer riscos para a sua segurança.
O presídio de Brians 1, para onde o brasileiro havia sido enviado na sexta-feira (20), tem mais presidiários, e as celas são maiores – portanto, compartilhadas com mais pessoas.
Já o presídio de Brians 2 tem celas menores e até individuais e costuma abrigar condenados “famosos”. Foi nesse centro presidiário que o norte-americano John McAfee, o conhecido criador do antivírus para computadores McAfee, foi encontrado morto em 2021.
John McAfee havia sido preso por suspeitas de fraude fiscal e aguardava no presídio extradição para os Estados Unidos.
O complexo penitenciário fica no município de Sant Esteve Sesrovires, a 40 quilômetros do centro de Barcelona.
Fontes da família de Daniel ouvidas pela rede de TV espanhola TVE disseram que estudam trocar os responsáveis pela defesa do brasileiro.
Segundo a TVE, o advogado Pau Molins, que defendeu o ex-presidente do Barcelona, Sandro Rossell, no julgamento do caso sobre supostas irregularidades e fraudes na transferência de Neymar do Santos para o Barcelona, foi procurado pela família.
O g1 entrou em contato com o escritório do advogado, que informou ainda ter confirmação sobre se o advogado assumiria o caso até a última atualização desta notícia.
A Justiça catalã disse ainda não ter recebido nenhum comunicado da defesa de Alves sobre a suposta troca de advogados.
Prisão
O jogador brasileiro, que já vinha sendo investigado pela polícia e, depois, pela Justiça da Catalunha desde início de janeiro, foi preso preventivamente na sexta após ter ido prestar depoimento sobre o caso à polícia de Barcelona.
Ele foi detido no meio do depoimento e colocado à disposição da Justiça. Enquanto ele aguardava uma decisão, a Promotoria catalão entregou à juíza do caso um pedido de prisão preventiva sem fiança, com o argumento de alto risco de fuga, já Alves reside em outro país e teria meios financeiros para deixar a Espanha de avião.
A imprensa espanhola também divulgou detalhes do depoimento tanto de Daniel Alves como da suposta vítima:
- A denunciante disse que, por volta das 2h da manhã, foi com duas amigas à boate ‘Sutton’ e foi convidada por amigos para entrar na área VIP;
- Lá estava o jogador, que teria inicialmente paquerado de forma inconveniente a suposta vítima e outras mulheres;
- Por volta de 4h da manhã, ela foi até o banheiro e o jogador foi atrás dela;
- A mulher disse que ele falava coisas em português que não conseguia entender;
- A vítima disse que Alves agarrou com força a mão dela e a colocou sobre seu pênis;
- Após isso, ela tentou sair de lá, mas foi impedida pelo jogador;
- Alves teria sentado em um vaso sanitário e a obrigado a sentar em seu colo;
- Ao resistir, ele a teria jogado no chão e a forçado a fazer sexo oral nele;
- Como ela reagiu novamente, Alves bateu nela, a levantou do chão e a penetrou com força até ejacular;
- Depois, o jogador teria dito para ela ficar ali, que ele iria sair primeiro do banheiro.