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Acre registrou mais de 100 casos de hanseníase em um ano; entenda a doença

Por ABIGAIL SUNAMITA, PARA O CONTILNET

/Foto: Ilustrativa

A Hanseníase é uma doença crônica, milenar e cercada de estigmas. Por muito tempo foi tratada de forma extremamente desonrosa e desumana. Apesar dessas circunstâncias, a doença possui tratamento desde 1980. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde do Acre (Sesacre), por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), no ano de 2022, foram apresentados 117 novos casos de hanseníase e 17 casos recidivos (que reaparece).

Hanseníase: as causas, sintomas e tratamentos da doença de pele - Revista  Galileu | Ciência

A Hanseníase tem como características manchas com muita sensibilidade/Foto: Reprodução

Segundo os dados, houve um número maior relacionado ao ano de 2021, que registrou 108 casos confirmados – um aumento de 8,3% comparado ao ano anterior. Além disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) fornece todos os cuidados e tratamento de forma gratuita. A doença pode chegar à cura, se tratada da maneira correta.

Para obter o total controle da doença no Estado, a Sesacre, através do Programa de Vigilância e Controle da Hanseníase, realiza o monitoramento das ações que são realizadas pelos municípios.

Além dos municípios que realizam as ações nas Unidades de Referência em Atenção Primária (URAP) com todo atendimento relacionado à doença, Rio Branco conta também com a Casa de Acolhida Souza Araújo, que hoje possui 28 pacientes.

Sobre a doença – características e diagnóstico

A doença, que é causada pela bactéria Mycobacterium leprae, é transmitida por meio de saliva que podem ser eliminadas na fala, tosse e espirro, em contatos próximos com pessoas doentes que ainda não iniciaram tratamento e estão em fases adiantadas da doença.

A Hanseníase tem como características manchas com muita sensibilidade, onde afeta, principalmente, membros superiores e inferiores, podendo comprometer a visão, além de formigamentos, agulhadas, câimbras, dormência, nervos engrossados e doloridos, feridas difíceis de curar, principalmente em pés e mãos; se não for tratada a tempo, a doença pode levar à incapacidade para a vida inteira.

O diagnóstico de caso de hanseníase é realizado por meio do exame físico geral e dermatoneurológico para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos, com alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas. Os casos com suspeita de comprometimento neural, sem lesão cutânea (suspeita de hanseníase neural primária), e aqueles que apresentam área com alteração sensitiva e/ou autonômica duvidosa e sem lesão cutânea evidente, deverão ser encaminhados para unidades de saúde de maior complexidade para confirmação diagnóstica.

“Casos de hanseníase em crianças podem sinalizar transmissão ativa da doença, especialmente entre os familiares; por esse motivo, deve-se intensificar a investigação dos contatos. O diagnóstico de hanseníase deve ser recebido de modo semelhante ao de outras doenças curáveis. Entretanto, se vier a causar sofrimento psíquico, tanto a quem adoeceu quanto aos familiares ou pessoas de sua rede social, essa situação requererá uma abordagem apropriada pela equipe de saúde, para tomadas de decisão que incidam para uma melhor adesão ao tratamento e enfrentamento aos problemas psicossociais”, diz uma nota do Ministério da Saúde.

Janeiro Roxo

A principal referência ao Janeiro Roxo é alertar, incentivar e recomendar a movimentação relacionada à causa e à luta contra a Hanseníase. É considerado o mês de combate e prevenção a Hanseníase.

O Brasil é o segundo país do mundo em número de casos, atrás da Índia. É o primeiro em incidência, ou seja, tem maior proporção de casos novos, quando se compara o número de doentes e o tamanho da população.

Por isso a importância da conscientização já que o desconhecimento da doença faz com que os casos sejam detectados tardiamente, muitas vezes apenas pelas sequelas que já apresentam.

A hanseníase é uma das enfermidades mais antigas do mundo. No século 6 a.C. já havia relatos da doença. Supõe-se que a enfermidade surgiu no Oriente e, de lá, tenha atingido outras partes do mundo por tribos nômades ou navegadores.

Os indivíduos que tinham hanseníase eram enviados aos leprosários ou excluídos da sociedade, pois a enfermidade era vinculada a símbolos negativos como pecado, castigo divino ou impureza, já que era confundida com doenças venéreas. Por medo do contágio da moléstia – para a qual não havia cura na época – os enfermos eram proibidos de entrar em igrejas e tinham que usar vestimentas especiais e carregar sinetas que alertassem sobre sua presença.

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