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Morre mulher Yanomami fotografada em estado grave de desnutrição

Por G1

Mulher havia sido fotografada em dezembro do ano passado, mas morreu esta semana. Urihi autorizou g1 republicar imagem dela neste domingo (22) — Foto: Urihi Associação Yanomami/Divulgação

Morreu a mulher Yanomami fotografada em estado grave de desnutrição, com costelas aparentes e corpo debilitado, em cima de uma balança. A morte dela foi divulgada neste domingo (22) pela associação Urihi. Ela tinha 65 anos e era da comunidade Kataroa, onde há forte presença de garimpeiros ilegais e casos de dezenas de crianças doentes.

A Terra Indígena Yanomam registra nos últimos anos agravamento na saúde dos indígenas, com casos graves de crianças e adultos com desnutrição severa, verminose e malária, em meio ao avanço do garimpo ilegal.

O cenário de crise sanitária fez com que o Ministério da Saúde decretasse emergência na saúde. Em visita a Boa Vista para acampar de perto a situação, o presidente Lula (PT) classificou a situação dos Yanomami como “desumana”.

Ao informar o óbito, a associação pediu que a imagem dela não seja mais compartilhada nas redes sociais. A Urihi, no entanto, autorizou que a foto fosse publicada no g1 neste domingo para noticiar a morte da mulher.

Mulher havia sido fotografada em dezembro do ano passado, mas morreu esta semana. Urihi autorizou g1 republicar imagem dela neste domingo (22) — Foto: Urihi Associação Yanomami/Divulgação

“Durante a visita a comunidade Kataroa, nesta última semana, recebemos a informação que a senhora Yanomami da imagem, veio a óbito por conta do seu grave estado de desnutrição. Gostaríamos de pedir a todos que evitem a partir deste momento o compartilhamento da imagem dela”, pediu a Urihi, que tem como presidente o ativista e líder indígena Júnior Hekurari Yanomami.

A foto mulher foi divulgada em dezembro do ano passado pela Urihi junto à outras imagens que denunciavam a crise na saúde do povo Yanomami.

A imagem mostrava a vítima com o corpo debilitado, enquanto era sustentada em pé por uma agente de saúde ao pesá-la numa balança.

“Na cultura Yanomami, após o falecimento, não pronunciamos o nome da pessoa. Queimamos todos os seus pertences, e não permitimos que fotografias permaneçam sendo divulgadas. Estamos vivenciando uma crise humanitária, e sabemos que o governo se mobilizou buscando ações que ofereçam todo o suporte que a população necessita neste momento”, reforçou.

Hekurari também presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY) e acompanha equipes do Ministério da Saúde nos atendimentos emergenciais que têm sido feitos desde o dia 16.

O médico tropicalista André Siqueira, que está na região, compartilhou um pouco do que viu nos últimos dias, e diz ter testemunhado “a pior situação de saúde e humanitária” que já viu, tanto de flata de estrutura, quanto de doenças como desnutrição grave, infecções respiratórias, malária e doenças diarreicas.

Ao decretar o estado de emergência, o Ministério da Saúde acionou a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS) – ação voltada à execução de medidas de prevenção, assistência e repressão a situações epidemiológicas, de desastres ou de desassistência à população quando for esgotada a capacidade de resposta do estado ou município.

Além disso, por causa da desassistência sanitária da população do território Yanomami, o Ministério estuda acelerar um edital do Programa Mais Médicos para recrutar profissionais para atuação nos Distritos Sanitários Indígenas (Dsei).

Só em 2022, segundo o governo federal, 99 crianças Yanomami morreram, na maioria, por desnutrição, pneumonia e diarreia, que doenças evitáveis. A estimativa é que, ao todo no território, 570, crianças morreram nos últimos quatro anos, na gestão de Jair Bolsonaro.

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