Então. Minha ex-namorada e amiga de fezeora, ino e voltano, pessoa da melhor qualidade, comandante do maior saite jornalístico do Estado do Acre, Wania Pinheiro, me pediu para escrever algo a respeito de um dos maiores expoentes do bom e velho jornalismo acreano, o pensador, escritor, cronista, repórter, inventor, desafiador do bem e do mal, do mau e do bom humor escangalhado, extraordinário quinto elemento das vastas planícies astrais Pheyndews Carvalho, nosso adorável e querido Fé.
Falei assim, para Waninha: Que massa, doida! Tuédoidé? Falar de Fé? Tuédoidé? Claro, óbvio, minha fofa! Escrever sobre o velho Fé? Tuédoidé?
Bem…
Voltando à razão, recolhi alguns escritos sobre este magnífico expoente da boa escrita jornalística acrena do século passado, que nem faz tanto tempo assim que se foi. Publicarei aqui, alguns causos, desenhos e algumas fotografias a respeito do meu grande amigo Pheyndews Carvalho.
TOME-LHE, jovem da Academia (Isto vai cair na prova!)
SÓ PHEYNDEWS MESMO
O processo de criação por vezes é extremamente complicado, exige bastante leitura, demanda tempo, reuniões, entrevistas, alguns chopps que ninguém é de ferro e, no meu caso (antigamente), muitos cigarros. Outros projetos vêm assim de supetão e, num piscar d’olhos, tá lá a criatura feito obra-prima, na prancheta só esperando a aprovação do sensível cliente. Tem outras vezes que a coisa toda se materializa de fato numa piscadela.
É o caso do publicitário, no Mercado do Bosque, concentrado na conversa com o gênio criativo, detentor da ideia para a criação de marca para sua nova empreitada: uma delivery de lanches e iguarias da cozinha acreana, como a baixaria (cuscuz com ovos fritos, carne moída e cheiro verde) e outras delícias além da saltenha (espécie de pastel com recheio especial de frango, azeitona, etc) que a cadelinha de rua lhe abocanhou da mão e vazou.
De um salto o Pheyndews Carvalho, misto de jornalista, inventor e empreendedor quase gritou “Heureca!” e disse, enquanto eu praguejava com a cachorra amaldiçoada que cascou meu lanche:
– Taí, Braguinha! Eis o nome do disque-entrega: NhacDonalds!
Esqueci da cadela da moléstia, que já tinha desaparecido, em desabalada carreira, pelas vastas entranhas do famoso mercado do bairro Bosque, na cidade de Rio Branco e, meio sem acreditar no que tinha escutado perguntei:
– Co-como é? Não, macho, pode não Fé (como a gente chamava o Pheyndews). Tu quer botar o nome de McDonald’s? Pô! Nada a ver, cara! Vamo criar uma coisa nossa, porra…
– “Nhacdonalds”! Não “McDonald’s”! Nhacdonalds, entendeu? Lógico que eu num vou correr o risco de levar um belo de um processo plagiando marca de seu ninguém. Se bem que seria até bom pro negócio, um puta marketing natural. Imagina as manchetes: “Poderosa criadora do fast food abre processo contra micro-empreendedor da Amazônia Legal”, “Gigante americana lança seus olhos cobiçosos sobre o pequeno Acre”…
E foi um cem número de manchetes ficcionais do visionário Pheyndews e mais uma sessão de gargalhadas – sim, porque em criação, durante uma brainstorm há sempre o momento de descontração. É quando finalmente se tem um estalo, a grande poronga se acende. Após isso, a partir daí tudo pode acontecer e a idéia brotar. Foi justamente o que aconteceu. Foi criada a marca NhacDonalds.
– É, mas falta o slogan.
– É mesmo. Hum… Que tal: Mordida irrestível?
– Mordida irresistível… Taí. É isso mesmo. Nem a cachorrinha resistiu! “NhacDonalds, mordida irresistível”.
Bem, o empreendimento nunca foi pra frente. Logo o grande Fé já o havia esquecido e estava com milhares de outras invencionices na cachola e foi por aí, caminhando no rumo das estrelas e deixou para trás eu e o desenho da logomarca que até hoje carrego no currículo e no coração. Ê saudade, meu grande amigo Pheyndews Carvalho!