No mesmo dia em que decepou a cabeça de Noé Alves Schaun, 42, para vingar o assassinato do narcotraficante Anselmo Bechelli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, o “tribunal do crime” do PCC (Primeiro Comando da Capital) decapitou Israel Costa da Sena Silva, 27.
Nos bastidores policiais há rumores de que Israel integrava o “júri” do “tribunal do crime” de Noé, mas acabou reconhecido e apontado por outro “jurado” como informante da polícia e, por isso, também foi condenado à morte pela facção criminosa.
Os dois crimes foram cometidos em 16 de janeiro do ano passado. Mas, diferentemente do assassinato de Noé, a morte violenta de Israel não teve repercussão e nem chegou a ser divulgada pela polícia e muito menos pela imprensa.
A cabeça de Israel foi encontrada na manhã de 17 de janeiro de 2022 numa calçada da rua Ioneji Matsubayashi, na região de Itaquera, zona leste paulistana. Ao lado dela havia um papel com a inscrição “Ganso”, escrita em letras maiúsculas com caneta de tinta azul. Na gíria dos criminosos, “ganso” significa informante da polícia.
Junto com a cabeça foram encontrados os braços e as pernas de Israel. As partes do corpo dele foram deixadas em quatro sacolas de plástico. Já o tronco foi jogado na rua Zituo Karasawa, no mesmo bairro.
Paraisópolis
Policiais suspeitam que Israel participou do “julgamento” de Noé na Favela Paraisópolis, zona sul paulistana, um dos locais onde o “tribunal do crime” do PCC decide a sorte de seus rivais. O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) investiga se uma morte tem relação com a outra.
A mãe e a ex-mulher de Israel foram ouvidas pela Polícia Civil e não souberam dizer o motivo pelo qual ele foi violentamente assassinado. Ambas contaram que Israel havia deixado o presídio na saída temporária de setembro de 2021 e não mais voltou à unidade prisional.
Israel já passou pelas penitenciárias de Martinópolis e Junqueirópolis, no oeste do estado. De acordo com as autoridades carcerárias, os dois presídios são fortes redutos de integrantes do PCC.
A cabeça de Noé foi encontrada no dia 16 de janeiro de 2022 em uma praça no Tatuapé, zona leste paulistana. Outras partes do corpo foram achadas no mesmo dia em Suzano, na Grande São Paulo. No local também havia um bilhete deixado pelo “tribunal do crime” do PCC.
A mensagem escrita com caneta de tinta azul sinalizava que Noé tinha sido assassinado por causa da “covardia” que havia feito com Anselmo. O narcotraficante foi morto a tiros junto com Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue. O crime foi cometido no bairro do Tatuapé.
Segundo a Polícia Civil, Anselmo mantinha fortes ligações com a cúpula do PCC e, por isso, o “tribunal do crime” da facção vingou a morte dele. O DHPP e o Denarc apuraram que Cara Preta, além de narcotraficante, era dono de uma empresa de transportes.
As investigações apontaram que a empresa, sediada no bairro do Limoeiro, zona leste paulistana, tem como sócios traficantes de drogas da Favela Caixa D’Água, no bairro Cangaíba, zona leste, e um preso recolhido em presídio federal. Todos são apontados como integrantes do primeiro escalão do PCC.
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