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PL já não esconde que sonha em ter Michelle Bolsonaro como candidata à presidência em 2026

Por Tião Maia, ContilNet

Michelle Bolsonaro. Foto: Reprodução

O que deveria ser uma estratégia guardada a sete chaves, por força das circunstâncias dos últimos dias, acabou por se transformar num segredo de polichinelo, aquele que embora secreto todo mundo fica sabendo. Por isso, em Brasília, até na periferia, já se sabe que a ex-primeira dama do país, Michelle Bolsonaro, em caso de possível prisão ou impedimento do marido – ou até se ele não mais quiser continuar na vida política -, pode vir a ser a arma secreta do PL na disputa presidencial em 2026, como candidata à presidência em busca dos mais de 58 milhões de eleitores da direita conservadora que votaram em Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2022.

O que era tratado apenas em círculos íntimos, acabou de ser escancarado na última sexta-feira quando a pastora Michelle Bolsonaro desembarcou dos Estados Unidos desacompanhada do marido, que preferiu permanecer em Orlando, em autoexílio para uns ou como um pária refugiado para outros. O fato é que o desembarque da ex-primeira dama em Brasília levou o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, a admitir em público o que era tratado apenas em privado: ela pode ser, sim, candidata à presidência da República em 2026. Para poder se sustentar em Brasília, vai ganhar do PL, segundo Costa Neto, inclusive um salário correspondente ao que ganha um deputada federal, algo próximo a R$50 mil por mês.

Valdemar Costa Neto tomou a decisão após perceber a popularidade da mulher de Jair Bolsonaro entre os evangélicos e entre os defensores da pauta conservadora de costumes no país, como a não-liberação do aborto, o combate sistemático a liberalidade do uso da maconha e outras drogas, além de ter uma capacidade de verbalização e de comunicação muito mais ampliada que a do próprio marido. Além disso, pesou na avaliação dos estrategistas do PL seus traços físicos e apelos de beleza, além do fato de ser mulher num país em que a maioria do eleitorado é do sexo feminino. O fato é que, se quiser, Michelle Bolsonaro poderá repetir no Brasil um fenômeno muito conhecido na Argentina, o de Evita Peron, esposa do líder carismático do peronismo, Joan Domingo Peron, que surgiu como líder na década de 30 e chegou à presidência por três mandatos. Evita, que no passado fora apenas uma dançarina de boates e atriz de uma companhia de teatro, conheceu o futuro líder político portenho e passou a acompanhá-lo politicamente nas pautas femininas do peronismo argentino, ao ponto de ter sido cotada para a presidência do país, cargo que ela só não alcançou porque morreu de câncer, em 1952. Seu nome, no entanto, continua muito lembrado em toda a Argentina. 

No Brasil, a pedra no caminho de Michelle Bolsonaro que a impediria de vir a ser uma Evita dos trópicos atende pela numeração 01 e 03, como são chamados os filhos do ex-presidente, pela ordem, Flávio Bolsonaro, senador da República, e 03, Carlos Bolsonaro, vereador pelo Rio. Os dois detestariam a madrasta e deixam isso claro. No momento em que o nome da ex-primeira dama começa a eclodir como arma secreta do PL para futuras disputas, os dois irmãos também fizeram divulgar em Brasília disporem de arsenal, em áudios e vídeos arquivados, que seriam capazes de detonar a imagem da provável candidata. Como não se sabe o que há nos arquivos, é impossível uma avaliação mais acurada sobre se isso é capaz de atingir ou não as pretensões de Valdemar Costa Neto. O que se sabe é que, ao longo dos últimos quatro anos, os filhos de Bolsonaro, exatamente os que mais detém influência pessoal e política sobre o pai, municiaram a própria imprensa de informações de que, por razões não reveladas as quais iriam além do ciúme fidagal, eles detestam Michelle Bolsonaro.

Mas, para a direita que sonha com a volta dos Bolsonaro ao centro da Ribalta, resta a esperança de que, em política e em meio a  uma família sedenta de poder, tudo possa se resolver entre eles.

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