Acusada de falsificar documento e de violar regras do regime aberto, Elize Matsunaga pode voltar à prisão

Condenada a 16 anos de prisão por ter matado e esquartejado o marido, Elize Matsunaga está sendo investigada pela Polícia Civil de São Paulo por uso de documento falso. No final do ano passado, ela conseguiu emprego numa empresa de construção civil no município de Sorocaba. Sua função era acompanhar obras dentro de condomínios de luxo da região. Para ter acesso aos locais de trabalho, ela teve de apresentar atestado negativo de antecedentes criminais. Como não tinha, foi feito uma falsificação grosseira. Ela teria pego o documento em nome de outro funcionário e colado por cima seu nome de solteira, Elize Araújo Giacomini.

Segundo uma fonte da polícia, Elize foi denunciada pela ex-patroa. A egressa de Tremembé foi interceptada por investigadores por volta das 12h da segunda-feira (27/02) em Franca, onde mora atualmente, enquanto fazia transporte de aplicativo. Detida, foi conduzida até o 8º Distrito Policial de Sorocaba, onde ficam os condomínios em que a acusada teria apresentado os documentos falsos. Elize chegou à delegacia por volta das 13h. Em depoimento, negou que seja autora da falsificação e que tenha usado tal documento. Por volta das 15h, uma equipe de investigadores esteve na casa onde Elize morou em Sorocaba para vasculhar seus armários.

Na noite desta segunda-feira, o secretário da Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que a Polícia Civil identificou que Elize Matsunaga usava documento falso em Sorocaba.

“Infelizmente, a reincidência criminal é uma das realidades com as quais nossas polícias se deparam. Ela havia sido solta na progressão de pena, que se demonstra um entrave para segurança pública”, afirmou Derride.

Durante as investigações, a polícia teria encontrado fotos e vídeos de Elize tomando bebidas alcoólicas na praia durante o dia, fato que viola a condicional do regime aberto, uma vez que ela ainda cumpre o restante da pena em liberdade. O material será encaminhado para o promotor que acompanha a execução penal da acusada.

Segundo amigos de Elize, assim que migrou para o regime aberto, em maio de 2022, ela ficou desesperada para trabalhar. Ter emprego fixo, aliás, é outra condição imposta pela Justiça para o egresso cumprir o restante da pena em liberdade. Ela tentou ingressar como motorista da Uber e da 99 Táxi, mas teve o cadastro negado justamente por não ter atestado de antecedentes criminais negativado. Foi então que ela começou a trabalhar na empresa de construção civil apresentando documentos adulterados.

O promotor Luiz Marcelo Negrini, que acompanha a execução penal dos presos do regime fechado de Tremembé, explicou que Elize deverá voltar para Tremembé.

— Prática de crime no curso do aberto dá regressão. Caso ela seja condenada pelo crime novo, essa nova pena será acrescida ao que faltava. Só depois deverá ser fixado pelo juiz o regime adequado — disse Negrini.

O advogado de Elize, Luciano Santoro, disse que sua cliente foi bem orientada para não cometer novos crimes nem violar as regras do regime aberto. Assim que soube da detenção da sua cliente, o defensor orientou que a acusada ficasse de boca fechada até ele chegar na delegacia. Lá, ele pediu para os policiais provarem que Elize era autora da falsificação.

— O documento é algo grotesco, uma colagem tosca. Não foi ela quem fez e nem chegou a ser usado — disse Santoro.

Elize foi liberada, mas será investigada por suposto crime de falsificação de documento público. Sobre o fato de ter sido flagrada ingerindo bebida alcoólica na praia, Santoro questionou a veracidade da denúncia.

— Isso precisa ser provado. Ou seja, não basta uma foto de ela segurando um copo. Teria que ter apreendido o líquido e periciado — defendeu.

Santoro também argumentou que Elize não precisaria falsificar atestado de antecedente criminal porque seu processo não foi tramitado e julgado, já que ele apelou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para reduzir pela segunda vez a pena imposta pelo Tribunal do Júri, em 2016. O advogado argumentou que o juiz que sentenciou a sua cliente não considerou totalmente os benefícios da sua confissão na fase de inquérito, apesar de a criminosa já ter tido uma redução de três anos na pena por ter colaborado com as investigações da morte de Marcos Matsunaga.

— Se a Elize quisesse uma atestado de antecedentes criminais para trabalhar, eu teria conseguido para ela — garantiu o defensor.

Se voltar para Tremembé, Elize não será a primeira celebridade do crime a rescindir em Sorocaba depois de ganhar a liberdade. Em abril de 2018, Cristian Cravinhos, condenado pela morte dos pais de Suzane von Richthofen, foi de São Paulo para o município e se envolveu em uma confusão em um bar. Clientes chamaram a polícia depois que ele agrediu a sua ex-mulher. Ao ser detido, ele foi preso em flagrante por tentativa de suborno aos policiais e levado de volta para Tremembé. Acabou sendo condenado a mais 4 anos de cadeia, totalizando a sua sentença a 42 anos.

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