O desaparecimento da menina britânica Madeleine McCann, que sumiu enquanto passava as férias de verão de 2007 com os pais na praia da Luz, em Portugal, é cercado por perguntas sem resposta e alimenta uma série de teorias da conspiração há mais de uma década. Recentemente, o caso ganhou um novo desdobramento ― embora seja cedo para dizer se por uma nova hipótese dantesca ou por uma evidência séria.
Em 14 de fevereiro, uma jovem ]chamada Julia Faustina, de 21 anos, criou uma conta na rede social Instagram, na qual alega ser Madeleine. O perfil “@IAmMadeleineMcCann” (@EuSouMadeleineMcCann, em português) reuniu em menos de um mês 1,1 milhão de curiosos, que passaram a ouvir a versão apresentada por Julia.
Entre as “evidências” apresentadas pela jovem, estão fotografias de Madeleine e dela quando crianças, apontando semelhanças como uma pinta no lado esquerdo do rosto, o formato do rosto e do nariz, e lembranças vagas que Julia diz ter da própria infância.
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“Não me lembro da maior parte da minha infância, mas minha memória mais antiga é muito forte e é sobre férias em lugares quentes, onde havia praia e prédios brancos ou muito claros com apartamentos. Lembro que vi tartarugas na praia, era a pequena baía, pelo que me lembro, vi tartarugas naquela época e havia outras crianças e elas tentavam tocar nas tartarugas pequenas. Não vejo minha família nesta memória”, escreveu em uma das primeiras publicações.
Julia também afirma ter sofrido abuso sexual quando era criança, e compartilhou o retrato falado de um suspeito de ter sequestrado Madeleine. “Esta é uma pessoa que é procurada. Este desenho está no site @officialfindmadeleine Eu reconheço esta pessoa..parece muito com meu agressor. Eu preciso que você me ajude porque a polícia me ignora. Preciso que a polícia faça um teste de DNA para mim e compare com o DNA de Madeleine. Preciso falar com Kate e Gerry McCann”, diz em outra publicação do dia 14.
A hipótese de estar diante de uma solução para o caso Madeleine depois de 16 anos foi o bastante para acender a curiosidade dos tabloides britânicos e de outras publicações ao redor do mundo, que passaram a acompanhar e repercutir a narrativa da jovem polonesa, que atualmente vive na Alemanha.
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O The Daily Star, um dos principais tabloides do Reino Unido, é um dos que deu maior repercussão ao caso. Entre 14 e 23 de fevereiro, foram publicados ao menos 16 textos repercutindo de alguma maneira as alegações de Julia ― incluindo uma fonte anônima que seria próxima aos McCann, afirmando que o casal estaria disposto a investigar a hipótese da jovem, e uma entrevista com um exotérico alemão que ajudou nas buscas em 2007 (ele disse ao jornal ter 100% de certeza que a mulher não é Madeleine).
Falta de evidências
Não é apenas o médium alemão que duvida nas supostas evidências apresentadas por Julia. A começar pela idade, que é diferente do que Madeleine teria ― quando desapareceu, a menina tinha 3 anos, de modo que estaria hoje com 19, enquanto Julia tem 21.
Um ex-investigador que trabalhou ao lado da polícia na tentativa de encontrar Madeleine também afirmou não acreditar na teoria da jovem. Francisco Marco deu uma entrevista à rádio espanhola RAC 1, dizendo ter feito uma biometria facial, que acusou um resultado não compatível entre Julia e Madeleine.
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Familiares de Julia divulgaram um comunicado pela organização Missing Years Ago, que trabalha com a localização de pessoas desaparecidas na Polônia, na qual dizem ter “lembranças” e “fotos” que confirmam que Julia nasceu na família. Eles também alegam que a jovem saiu de casa levando fotos, histórico hospitalar e documentos.
“Sempre tentamos entender todas as situações que aconteciam com Julia. Numerosas terapias, remédios, psicólogos e psiquiatras – Julia tinha tudo garantido. Ela não foi deixada sozinha. Ameaças ao nosso endereço partindo dela, suas mentiras e manipulações, atividade na internet, já vimos de tudo e já tentamos impedir, explicar, já pedimos para ela parar.”