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Cientistas descobrem sistema estelar binário que pode liberar ouro no espaço

Por CORREIO BRAZILIENSE

(crédito: CTIO/NOIRLab/NSF/AURA/J. da Silva/Spaceengine/M. Zamani)

Usando um telescópio de 1,5 metro, no Observatório Interamericano Cerro Tololo, localizado no Chile, astrônomos identificaram um tipo raro de sistema estelar binário que, eventualmente, pode desencadear uma kilonova, isto é, uma explosão poderosa de produção de ouro, criada pela colisão de estrelas de nêutrons.

Esse sistema é conhecido como CPD-29 2176 e está localizado a cerca de 11.400 anos-luz da Terra. Os cientistas conseguiram observar os tipos de estrelas que compõem esse sistema. Trata-se de um estrela de nêutrons criada por supernova ultradespojada e uma estrela massiva em órbita próxima que está em processo de tornar uma supernova ultradespojada. Essa classificação corresponde a explosão de fim de vida de uma estrela massiva que teve parte de sua atmosfera arrancada por uma estrela companheira.

“A atual estrela de nêutrons teria que se formar sem ejetar sua companheira do sistema. Uma supernova ultradespojada é a melhor explicação para o porquê dessas estrelas companheiras estarem em uma órbita tão apertada. Para um dia criar uma kilonova, a outra estrela também precisaria explodir como uma supernova ultradespojada para que as duas estrelas de nêutrons pudessem eventualmente colidir e se fundir”, explicou Noel D. Richardson, principal autor do estudo.

A descoberta aponta caminhos para os astrônomos começarem a desvendar o processo de formação das quilonovas e sobre a origem dos elementos mais pesados do universo. “Esses novos resultados demonstram que, pelo menos em alguns casos, duas estrelas de nêutrons irmãs podem se fundir quando uma delas foi criada sem uma explosão clássica de supernova”, pontuou o astrônomo André Nicolas Chené.

Estima-se que a probabilidade da existência desses sistemas binários em galáxias espirais como a Via Láctea é de uma em dez bilhões. Com isso, os pesquisadores esperam levar anos estudando sobre as características dessa descoberta. A estrela massiva levará aproximadamente um milhão de anos para terminar a vida como uma explosão de supernova, deixando para trás uma segunda estrela de nêutrons. Quando esse remanescente estelar se fundir com a estrela, a explosão da quilonova produzirá ondas gravitacionais e deixará uma grande quantidade de elementos pesados, como prata e ouro.

“Este sistema revela que algumas estrelas de nêutrons são formadas apenas com um pequeno chute de supernova . Ao entendermos a crescente população de sistemas como o CPD-29 2176, obteremos informações sobre como algumas mortes estelares podem ser calmas e se essas estrelas podem morrer sem as supernovas tradicionais”, ressaltou Richardson. A descoberta foi publicada na Nature.

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