A acreana e ministra do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas, Marina Silva, sobrevoou nesta quarta-feira (22) a região afetada pelas fortes chuvas no Litoral Norte de São Paulo, acompanhada do governador do Estado, Tarcísio de Freitas.
Até o momento, a prefeitura da cidade divulgou a identidade de 19 vítimas fatais.
Em entrevista ao UOL News nesta quinta-feira (23), ela afirmou que o plano deve englobar mais de mil municípios, conforme levantamento realizado pelo Cemaden, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais). Silva também defendeu a criação de um estado de emergência permanente em regiões de maior risco de desastres naturais no país.
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“O Cemaden está acompanhando 1.038 municípios com eventos recorrentes. Em cima dessa base histórica, temos que ter uma legislação criativa, que é decretar estado de emergência permanente nessas cidades, para haver um plano continuado de prevenção aos efeitos de eventos extremos causados pela mudança do clima”, disse Marina.
“As autoridades têm que levar a sério o que é avisado pelo Cemaden. A ação antecipatória é fundamental. É preciso ter uma legislação nova, para haver mudança em protocolos de construção e no plano diretor das cidades, que às vezes continuam tratando essas edificações como se não houvesse essa mudança dramática nas regularidades naturais, que estão em escala irreversível”, continuou.
Marina enfatizou que o Estado tem sua parcela de culpa nas tragédias causadas pela chuva e deve ser responsabilizado por isso. A ministra ainda criticou Jair Bolsonaro (PL) ao afirmar que a gestão do ex-presidente provocou um “apagão” nas áreas do meio ambiente e do enfrentamento de desastres naturais.
“O Estado deve ser responsabilizado, sim. Precisamos de um plano que responsabilize judicialmente a descontinuidade de obras que levam a prejuízo de vidas e do patrimônio público e privado. Para cada R$ 1 não aplicado para prevenir, haverá um prejuízo de pelo menos R$ 100 na hora de reconstruir”, continuou.
Marina finalizou a entrevista falando que sempre foi julgada por se preocupar com a questão ambiental, assim como seus pares, “mas os estudiosos sempre estiveram certos”.
“Éramos acusados de ‘ecochatos’, mas estávamos certos”, concluiu.