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Glória Maria, que morreu nesta quinta-feira (2), no Rio de Janeiro, nadou pelas águas cristalinas de Bonito (MS), passeou pelo Trem do Pantanal e chegou a segurar uma sucuri gigante em uma das visitas ao bioma. Veja acima o trecho do programa Estrelas.
A jornalista foi responsável por apresentar as belezas naturais paradisíacas de Bonito pela primeira vez em uma reportagem televisiva. Ícone do jornalismo brasileiro, Glória foi diagnosticada em 2019 com um câncer de pulmão e sofreu metástase no cérebro.
Fã da natureza, Glória contou em entrevista ao “Vídeo Show”, em 2014, que Bonito foi um dos seus lugares preferidos do Brasil.
Além da cidade paradisíaca, outro ponto turístico que conquistou a jornalista foi o Pantanal, lugar que voltou diversas vezes, uma delas acompanhada do antigo programa “Estrelas”.
“O Pantanal tem uma diversidade, uma qualidade, uma beleza que pode vir 100 vezes aqui e não esgota nunca. Cada vez é diferente, cada dia é um lugar novo”, citou Glória na entrevista ao programa.
Em uma das visitas à maior planície alagável do mundo, a repórter acompanhou durante 5 dias uma comitiva de boiadeiros. “O Pantanal me fez recuperar algo que eu nem sabia que existia dentro de mim, essa necessidade de tranquilidade, de desacelerar, de observar. A gente começa a correr e para de viver“, afirmou.
Em 1994, Glória Maria realizou uma reportagem na Nhecolândia, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Segundo moradores da região, foi a própria jornalista que alugou uma caminhonete para enfrentar o terreno sinuoso do bioma. Ao todo, Glória ficou por três dias acompanhando turistas estrangeiros que iam conhecer as belezas do Pantanal.
Vida e carreira
No início da juventude, Glória Maria também chegou a conciliar os estudos na faculdade de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) com o emprego de telefonista da Embratel.
Em 1970, foi levada por uma amiga para ser radioescuta da Globo do Rio. Naquele tempo sem internet, ela descobria o que acontecia na cidade ouvindo as frequências de rádio da polícia e fazendo rondas ao telefone, ligando para batalhões e delegacias.
Na Globo, tornou-se repórter numa época em que os jornalistas ainda não apareciam no vídeo. A estreia como repórter foi em 1971, na cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. “Quem me ensinou tudo, a segurar o microfone, a falar, foi o Orlando Moreira, o primeiro repórter cinematográfico com quem trabalhei”.
Glória Maria trabalhou no Jornal Hoje, no RJTV e no Bom Dia Rio. Coube a ela a primeira reportagem do matinal local, há 40 anos, sobre a febre das corridas de rua.
No Jornal Nacional, foi a primeira repórter a aparecer ao vivo. Cobriu a posse de Jimmy Carter em Washington e, no Brasil, durante o período militar, entrevistou chefes de Estado, como o ex-presidente João Baptista Figueiredo.
“Foi quando ele [João Figueiredo] fez aquele discurso ‘eu prendo e arrebento’ – para defender a abertura [1979]. Na hora, o filme [para fazer a gravação da entrevista] acabou e não tínhamos conseguido gravar”, lembrava ela.
“Aí eu pedi: ‘Presidente, é a TV Globo, o Jornal Nacional, será que o senhor poderia repetir?’. ‘Problema seu, eu não vou repetir’, disse Figueiredo. O ex-presidente dizia para a segurança: ‘Não deixa aquela neguinha chegar perto de mim’.”