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Número de mortos no terremoto na Turquia e na Síria passa de 7,2 mil

Por G1

Número de mortos no terremoto na Turquia e na Síria passa de 7,2 mil — Foto: Jornal Nacional

Equipes de resgate na Turquia e na Síria conseguiram retirar mais de 8 mil pessoas dos escombros dos terremotos. O número de mortos ainda é parcial e passou de 7,2 mil. A reportagem é dos enviados especiais à Turquia: Murilo Salviano, Igor Arroyo e Danilo Quintal.

Um bombeiro tem pressa. Ele carrega um bebê de dois meses até a ambulância. Em outra cidade da Turquia, um menino de 8 anos é retirado dos escombros, com muita comemoração.

As cenas de resgate de sobreviventes têm se repetido também na Síria. Em Jindires, a menina Nur passou 15 horas sob os escombros, enquanto os socorristas diziam para ela não ter medo, que o pai estava logo ali.

É uma corrida contra o tempo. A frase do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde foi repetida em várias cidades atingidas pelos terremotos. É que as primeiras 72 horas são consideradas críticas para encontrar pessoas com vida.

E cada salvamento tem sido muito comemorado pelos socorristas e pelos parentes. Uma bebê foi resgatada em Afrin, na Síria, com o cordão umbilical ainda preso à mãe, que deu à luz nos escombros, mas não resistiu. A menina é a única sobrevivente da família.

Perto dali, um menino recebeu orientações dos voluntários, e foi chamado de herói. Um prédio em Iskenderun era um hospital. Um sobrevivente contou que ainda tem 15 pessoas vivas lá dentro, mas que os socorristas precisam esperar máquinas que estão vindo de outras cidades para tentar retirá-los.

Nem sempre dá pra esperar o equipamento chegar. Em Rratai, uma menina salva por um soldado foi levada num cobertor improvisado como maca.

Desde a madrugada de segunda-feira (6), a Turquia registrou mais de 280 tremores secundários, e alguns abalos um pouco mais fortes. As autoridades turcas estimam que o número de prédios destruídos pode chegar a 11 mil.

Em Kahramanmaras, perto do epicentro do segundo terremoto forte que atingiu a Turquia, o socorro não chegou a tempo para a jovem Irmak, de 15 anos. Ela morreu presa nos destroços. Mesut Hancer não largou a mão da filha.

Muitos moradores da capital turca dizem foi possível sentir o impacto dos terremotos em algumas áreas da cidade. A equipe da Globo está na região central do país, a mais de 700 km do primeiro epicentro. Muitos dos planos de resgate e de ajuda humanitária são traçados do centro de gerenciamento de desastres. Nesta terça-feira (7), o presidente Recep Tayyip Erdogan decretou estado de emergência em 10 províncias por três meses.

Erdogan mandou abrir hotéis que estavam fechados para o inverno para receber os desabrigados e agradeceu o apoio da comunidade internacional. Disse que já recebeu ofertas de ajuda de 70 países e 14 organizações internacionais, e falou por telefone com 18 chefes de governo.

Na Turquia e na Síria, mais de 23 milhões de pessoas foram afetadas, 1,4 milhão delas são crianças.

Nesta terça, o saguão do aeroporto de Istambul ficou lotado. São voluntários que tentam chegar à região destruída para ajudar.

Socorristas vindos da Alemanha desembarcaram nesta terça (7) em Adana. Levaram desde alimentos e água até equipamentos de comunicação.

A coordenadora alemã da Cruz Vermelha elogiou o preparo dos serviços de emergência da Turquia, mas ressaltou que uma tragédia dessa dimensão excede a capacidade de qualquer país.

A brasileira Clarice estuda na Universidade de Istambul. Ela esteve num centro para recolhimento de donativos.

“Aqui a gente vê que cada fileira é dividida em sapatos masculinos, para crianças, principalmente roupa para bebê, para crianças”, diz a brasileira.

Em Malatya, com muita neve, o governo turco montou um acampamento para os desabrigados, mas um homem disse que já não encontrou mais lugar.

Na Síria, a guerra civil dificulta a logística da distribuição de donativos. O coordenador da organização Crescente Vermelho fez um apelo para que oposicionistas liberem as estradas no norte do país.

Em Aleppo, a antiga cidadela medieval foi arrasada. O morador contou que a antiga fortaleza vai ter que ser reconstruída do zero.

Muitos têm buscado abrigo em volta do que sobrou da cidadela. Uma mulher disse que o terremoto é muito pior do que a guerra.

“Um bombardeio vem e passa. Agora, a gente não sabe quando vai parar. Estamos aterrorizados”, desabafou.

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