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Policial pode ser afastado das funções por disparar tiro e ameaçar matar líder indígena Benki Piãnko

Por Redação ContilNet

“Se matarem o Benki, hoje, a repercussão será maior do que quando mataram Chico Mendes.” A frase é do jornalista Altino Machado, que neste domingo reproduziu em uma rede social uma denuncia do antropólogo Domingos Bueno contra o agente da Polícia Civil José Francisco Bezerra de Menezes, neste domingo (26), por ele vir ameaçando matar indígenas no território Kampa, localizado no município de Marechal Thaumaturgo.

O jornalista disse ao ContilNet que não é de hoje que o povo ashaninka, que mora nas aldeias de Marechal Thaumaturgo, um dos municípios acreanos de mais difícil acesso, vem sendo ameaçados por José Francisco e por outros policiais.

Neste domingo, quando o Benki Piyãko, um dos grandes líderes da comunidade, comemorava seu aniversário junto de amigos, José Francisco teria sacado uma arma e disparados tiros, ameaçando matar o indígena.

Benki, que é conhecido mundialmente por ser ferrenho defensor da preservação de aldeias e um combatente contra exploração predatória das terras indígenas, também luta pela a exploração consciente dos recursos da floresta, e sua permanente conversação, através de programas de manejo florestal, repovoamento de peixes, oficinas de conscientização ao redor do mundo, bem como na divulgação e no zelo com as chamadas medicinas da floresta, entre muitas outras muitas atividades similares.

Altino telefonou para o delegado-geral de Polícia Civil do Acre, José Henrique Maciel, que prometeu agir com rigor contra o agressor. “Vamos começar a apuração agora com a abertura de procedimento administrativo e criminal via Corregedoria, incluindo o afastamento das funções e recolhimento da arma do policial. Já até conversei com a corregedora-adjunta. Tudo será apurado e as providências adotadas. Nada ficará impune”, garante.

Veja relato do antropólogo Domingos Bueno publicado na rede social do jornalista Antino Machado, neste domingo.

Atentado contra Benki Pyanko em Marechal Thaumaturgo

Recebi a pouco uma mensagem tensa de amigos de Cruzeiro do Sul, sobre um incidente ocorrido ontem na Terra Indígena Kampa, em Marechal Thaumaturgo, no Estado do Acre.

Ao longo do tempo tem havido inúmeros relatos de tensão entre policiais e os Ashaninka de Marechal, mas dessa vez parece que a situação extrapolou o tênue limite da civilidade democrática.

Para saber mais sobre isso, veja a matéria no Estadão:
https://www.estadao.com.br/…/lideranca-indigena-e…/

Mas ontem, dia 25 de Fevereiro, foi o aniversário do Benki, famoso mundialmente por seu papel na proteção das terras indígenas, e na busca incansável de equilíbrio entre a exploração consciente dos recursos da floresta, e sua permanente conversação, através de programas de manejo florestal, repovoamento de peixes, oficinas de conscientização ao redor do mundo, bem como na divulgação e no zelo com as chamadas medicinas da floresta, entre muitas outras muitas atividades similares.

A festa aconteceu em sua casa na aldeia, junto de seus inúmeros amigos e convidados vindos de várias partes, inclusive de Marechal Thaumaturgo. E entre eles estava o agente da Polícia Civil José Francisco Bezerra de Menezes, um dos dois agentes policiais da cidade. Segundo meus informantes, José Francisco é parente do ex-prefeito e sempre ameaçou os Ashaninka. O relato sobre o acontecido é surpreendente:

“O José Bezerra já chegou na festa do Benki bêbado e o ameaçou, junto de sua família, com uma arma de fogo. Depois ficou mostrando a arma e quase aconteceu uma tragédia. Não fizemos imagens porque ele ficou perigoso, e ficamos com medo porque ele estava violento, mas temos mais de 50 testemunhas do ocorrido.

Por fim, depois de muita persuasão, conseguimos fazer com que ele saísse em paz, mas ele saiu ameaçando e estamos preocupados que ele possa fazer algo mais. Enquanto não conseguimos enviar algo por escrito devido a internet ruim, queremos pelo menos fazer essa denuncia chegar nos ouvidos certos.

Ele é perigoso, estava altamente bêbado e manuseando a arma na frente de todos, e quase tivemos uma tragédia. O pessoal da festa quis partir pra cima dele, mas já pensou na tragédia que seria? Sorte que conseguimos acalmar a situação e os amigos que o acompanhavam o tiraram dali.

Mas ele, ao chegar no porto da casa do Benki, sacou da arma e disparou. O que queremos nesse momento é que isso chegue aos ouvidos do governo do Estado do Acre”.

Não é a primeira vez que temos notícias desse enfrentamento entre os indígenas e autoridades policiais de Marechal Thaumaturgo, e talvez seja o momento do Governo do Estado, sempre sensível a problemática dos povos indígenas, tomar conhecimento e medidas a respeito.

ATUALIZAÇÃO:

Recebi do jornalista Altino Machado a seguinte mensagem:

Do delegado-geral de Polícia Civil do Acre, José Henrique Maciel, após a leitura do relato do antropólogo Domingos Bueno:
– Boa tarde, Altino. Vamos começar a apuração agora com a abertura de procedimento administrativo e criminal via Corregedoria, incluindo o afastamento das funções e recolhimento da arma do policial. Já até conversei com a corregedora-adjunta. Tudo será apurado e as providências adotadas. Nada ficará impune.

 

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