Todo dia no estado do Acre, diversos rostos femininos, conhecidos ou não, levantam-se para dar protagonismo às suas jornadas marcadas pelo machismo, discriminação e falta de oportunidades. Do cargo notório ao mais tímido, uma a uma, elas compõem a sociedade e fazem as engrenagens que regem a vida funcionar.
Mesmo em meio aos diversos obstáculos, um lampejo de esperança para se agarrar surge para causar um breve suspiro de alívio: o Acre apresenta a menor média no ranking de estados com diferença salarial entre homens e mulheres. Depois de tantas lutas das que vieram antes e em nome das conquistas que engatinham ainda no século XXI, os direitos básicos são obtidos através das marcas que até hoje perduram.
A pesquisa do boletim especial do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no levantamento “As mulheres no mercado de trabalho brasileiro”, demonstra também que o avanço e retrocesso andam sempre lado a lado no país do verde e do amarelo. Enquanto o Acre tem a média de menos de 1% da diferença salarial entre gêneros, no Mato Grosso as taxas chegam aos 32%.
É mediante esse contexto que é mais do que conveniente lembrar que o Dia Internacional das Mulheres, comemorado no dia 8 de março, teve início, justamente com o movimento operário, em 1908. Na ocasião, 15 mil mulheres foram às ruas de Nova York, exigindo que seus direitos fossem resguardados em relação à redução das jornadas de trabalho, salários melhores e a participação no voto.
Atualmente, no Brasil, o número de mulheres ultrapassou em 4,8 milhões a quantidade de homens, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ou seja, esse público é a maior parte da população e ainda assim, consoante ao boletim da Dieese, o que mais sofre de discriminação e diferença salarial. Mas é importante repetir e deixar ecoar que qualquer cenário foi construído e moldado pelas complexas relações sociais e, portanto, pode ser alterado.
O estudo foi realizado levando em consideração o contexto brasileiro da relação das condições trabalhistas e gênero. “Nos últimos anos, no Brasil e no continente latino americano, em especial, foram realizados enormes investimentos para a erradicação da pobreza. Esse objetivo é particularmente importante para as mulheres, pois são elas as mais vulneráveis à pobreza em razão das situações de discriminação de gênero que vivem.”
Esse índice é mais do que um número expresso em tabela, atrás de cada estudo ou pesquisa, existe uma história, uma pessoa, uma mulher, que sente na pele as mazelas propagadas, mas de força sobrenatural no entanto, para ocupar os mais diversos locais de Rio Branco e esbanjar a capacidade e competência para alterar e criar possibilidades, batendo de frente com as estimativas. Que o dia da mulher seja lembrado, personificando-se nos semblantes conhecidos, mas principalmente, visando celebrar as vitórias e aguardando as que virão.