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Acreano que ficou tetraplégico após afogamento se forma em veterinária na Ufac

Por Maria Fernanda Arival, ContilNet

A defesa de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é um momento esperado por todos os alunos, independente do curso. Para o jovem Natan Pinheiro, de 29 anos, foi além de um momento esperado, foi uma vitória não só acadêmica, mas na vida.

Natan sofreu um acidente de mergulho há 7 anos, em 7 de agosto de 2016, em um balneário na cidade de Sena Madureira, no interior do Acre, e ficou tetraplégico após fraturar a coluna no nível da 5ª cervical. Na época, o jovem tinha 23 anos e era acadêmico de medicina veterinária da Universidade Federal do Acre (Ufac). O rapaz fez a defesa do TCC e foi aprovado com nota 9,5 nesta sexta-feira (10), alegrando, além dele, toda a família e amigos.

Para Natan, o sentimento é apenas de gratidão e dever cumprido. “Na verdade, a vitória não é só minha. Para estar estudando e formando, tiveram diversos outros fatores que contribuíram para que eu chegasse até aqui, como a minha família e amigos. Muita gente incentivou e ajudou, que foi a base para que eu pudesse fazer esse curso”, disse ao ContilNet.

“O importante é o que você faz com a vida”/Foto: Cedida

O jovem, que nasceu e cresceu no rio Macauã, na região de Sena Madureira, sempre morou na zona rural do município, em contato com a natureza e os animais, por isso decidiu seguir o sonho de cursar medicina veterinária para ajudar a cuidar da propriedade da família. Natan fez todo o ensino fundamental na zona rural de Sena e fez o ensino médio na cidade, até ir para a capital Rio Branco cursar medicina veterinária no campus sede da Ufac.

Natan em aula de campo. Foto: Cedida

Relembre o acidente

Natan, apesar de não lembrar do momento do acidente e nem dos dias seguintes, relatou o que ouviu das pessoas que presenciaram o fato. “Pelo o que tudo indica, eu pulei no açude e bati a cabeça no fundo. Acabei fraturamento a quinta vértebra cervical e fiquei tetraplégico. Fiquei em cima e fiz diversos procedimentos”, explicou.

Na época, o ContilNet acompanhou o caso de Natan e relatou que os familiares, ao perceber a demora de Natan embaixo das águas, resgataram o jovem e contataram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que estava sem ambulância no momento e, por isso, o jovem foi atendido pelo Corpo de Bombeiros e encaminhado para o Hospital João Câncio Fernandes, em Sena.

Após três horas, Natan foi encaminhado para o Pronto-Socorro de Rio Branco, onde recebeu todo o atendimento necessário e confirmou a fratura na coluna, nível C5.

O jovem também relatou que na época já era acadêmico de medicina veterinária e precisou interromper a faculdade para fazer tratamentos, inclusive no Hospital Sarah Kubitscheck, em Brasília, que é referência em reabilitação, como no caso de Natan.

Natan antes do acidente. Foto: Cedida

Na época, nem os médicos conseguiram explicar a evolução de Natan no tratamento em Brasília. Após 5 meses do acidente, o jovem já escrevia e desenhava, além de conseguir fazer movimento com as mãos e pernas.

Apesar de ter precisado interromper a faculdade em decorrência do acidente e da pandemia de Covid-19, Natan disse que nunca reclamou em relação ao acidente. “Tudo acontece como tem que acontecer. Não importa o que a vida faz com você, o importante é o que você faz com a vida”, disse.

Natan Pinheiro com professores e colegas de faculdade/Foto: Cedida

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