Cinco primos alemães do papa Bento XVI são os herdeiros do dinheiro que o pontífice economizou em suas contas. Por outro lado, os direitos autorais de seus livros irão para a Fundação Ratzinger e seus pertences pessoais serão distribuídos entre assistentes e amigos, como ele mesmo deixou por escrito.
Bento XVI morreu no dia 31 de dezembro do ano passado, aos 95 anos. Em 2013, ele se tornou o primeiro pontífice a renunciar em 600 anos e, desde então, era chamado de papa emérito.
A informação sobre os herdeiros foi revelada pelo monsenhor Georg Gänswein, secretário pessoal de Bento XVI durante todos os anos de pontificado e que continuou servindo o papa emérito após a renúncia.
“Pensei que havia dois parentes, dois primos, mas são cinco”, disse o arcebispo alemão a alguns veículos de imprensa após uma missa celebrada no domingo (19/3), em Roma.
Os herdeiros, no entanto, poderiam abrir mão de receber o dinheiro porque – segundo o jornal italiano Corriere della Sera – “correriam o risco de serem envolvidos em uma ação de indenização iniciada na Alemanha contra Bento XVI sob a acusação de não ter interferido no caso de um padre pedófilo quando ele era arcebispo de Munique, entre 1977 e 1982”.
Bens pessoais doados
Gänswein destacou que a herança não é milionária, apenas o que resta na conta bancária, já que os bens pessoais do papa emérito “serão todos doados”.
“Os demais objetos pessoais, de relógios a canetas, de pinturas a móveis litúrgicos, foram incluídos em uma lista meticulosamente elaborada por Bento XVI antes de morrer. Ninguém foi esquecido: colaboradores, secretários, seminaristas, estudantes, motoristas, párocos e amigos”, disse Gänswein.
“O que tem a ver com livros, o que tem a ver com sua obra intelectual já está claro”, acrescentou.
Os direitos das obras permanecem no Vaticano e uma parte irá para a Fundação do Vaticano Joseph Ratzinger, criada em 2010, que é o que realmente constitui o importante legado de Bento XVI, com autênticos best-sellers como os volumes dedicados à vida de Jesus Cristo.
Gänswein também explicou que, por ordem do próprio Ratzinger, destruiu todas as anotações e cartas pessoais e algumas foram enviadas para a Fundação Regensburg.
“Uma pena? Sim, eu também disse isso a ele, mas ele me deu essa indicação: não tem como voltar atrás. Não há mais escritos inéditos”, revelou.
Gänswein trabalhou com Bento XVI por quase 20 anos – antes, durante e depois do pontificado. Desde 2013 ele é também prefeito da Casa Pontifícia.
Em 2020, o papa Francisco deu licença a Gänswein do cargo para que ele pudesse se dedicar inteiramente a auxiliar Bento XVI. Nos círculos do Vaticano, especula-se que o arcebispo possa deixar Roma em breve e tornar-se embaixador.