Deputada defende Gladson e lembra caso de reitor que se suicidou após ser acusado sem provas

Sob título “Nossa História Está Repleta de Condenações Antecipadas e Injustas”, a deputada federal Socorro Neri (PP-AC) veio à público, na tarde desta sexta-feira (10), em nota de solidariedade ao governador Gladson Cameli, também do PP, cujo governo vem sendo atacado pela oposição após a deflagração da 3ª fase da Operação Ptolomeu.

A operação é da Polícia Federal, autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), com apoio da Controladoria Geral da União (CGU) e da PGR (Procuradoria Geral da República), com a finalidade de investigar desvios de recursos públicos e lavagem de dinheiro envolvendo, além do governador, secretários e executivos do Governo do Estado e empresários da área da construção civil.

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A operação foi inicialmente deflagrada em dezembro de 2021 e sua terceira fase está sendo contestada, também junto ao STJ, pelos advogados de defesa do governador, que acusam a operação de uma “pescaria de provas” e “devassa financeira ilegal” na vida do governador e de seus familiares.

Em sua nota, Socorro Neri diz que sempre pautou sua trajetória de vida na ética, na responsabilidade e na Lei e que, por isso, sempre considerou um erro a antecipação de conclusões, “sem que etapas imprescindíveis em busca da verdade fossem concluídas”.

Segundo ela, “da mesma forma que nem o mais conceituado chefe de cozinha é capaz de fazer omeletes sem ovos, também não podemos imaginar a possibilidade de se fazer Justiça sem justeza”. “De registro histórico – prossegue a deputada em sua nota, “e apenas para rememorar os mais algozes abutres de reputações, critiquei a ausência de provas na chamada operação G7, a condenação precipitada do reitor da UFSC, que o levou ao suicídio, e a parcialidade da Lava-Jato em relação ao Lula”.

De acordo com Socorro Neri, “o respeito aos princípios que me sustentam não me libera a fazer escolhas políticas ou morais em razão dos rostos ou cores dos investigados, em detrimento do que essencialmente é o devido processo legal”.

“Defendi, defendo e defenderei a Ordem Constitucional que ora garante o Estado de Inocência a todos os investigados e acusados, até que não caiba mais recursos contra a incerta sentença condenatória”, acrescenta.

Socorro Neri encerra afirmando: “A nossa história está repleta de condenações antecipadas e injustas. Por essa razão é inconcebível, e tenho isso por mote ético e moral, concordar com a destruição de reputações, histórias e famílias de forma tão precipitada. Reitero minha confiança e apoio ao Governador Gladson Cameli, e a certeza de que o Estado de Direito e as instituições democráticas pugnarão pela celeridade dos procedimentos que levem ao esclarecimento dos fatos investigados, sempre respeitando as garantias constitucionais dos brasileiros”.

O professor citado na nota da deputada que se suicidou após ter sido acusado e preso sem provas pela Polícia Federal na operação Lava-Jato era o então reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier de Olivo. Ele foi preso em julho de 2017, junto com outros seis professores universitários, sob acusação de chefiar uma quadrilha que teria desviado R$ 80 milhões de dinheiro público da educação.

A cifra, divulgada com estardalhaço, na verdade, correspondia ao total dos repasses para um programa de EaD (Educação a Distância) ao longo de oito anos. Os supostos desvios, depois foi esclarecido, não chegavam a R$ 2,5 milhões.

A operação foi chefiada pela delegada Erika Marena e a prisão foi determinada pela juíza Janaína Cassol Machado, que saiu de licença um dia após a decisão. No dia seguinte, a juíza substituta Marjôrie Cristina Freiberger decidiu soltá-lo imediatamente por falta de provas.

Mesmo solto, o professor continuou sem o direito de pisar na universidade durante o inquérito. Ele cometeu suicídio logo em seguida, em outubro de 2017. O inquérito, por outro lado, não apresentou qualquer prova até o momento.

O ato extremo do reitor colocou em xeque o método de investigação que havia se tornado praxe no Brasil naquele período, método do prende-se e humilha-se primeiro; ouve-se depois.

O caso do professor virou um documentário que pode ser acessado em canais do YouTube.

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