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Dia da Mulher: conheça 4 brasileiras que revolucionaram a moda

Por Metrópoles

Jamie Squire/Getty Images

A moda é uma indústria que, em geral, tem as mulheres no centro. Elas são a força, mas também o coração. Enquanto umas esquadrinham o novo, outras são o corpo que coloca as criações em movimento. No Dia Internacional da Mulher de 2023, olhamos de maneira especial para aquelas que foram, que são e que fazem com que esse segmento seja sinônimo de potência criativa. A Coluna Moda Fora dos Padrões homenageia quatro mulheres que revolucionaram a moda brasileira.

Vem conferir!

Giphy/Olympic Channel/Reprodução

Costanza Pascolato

Mesmo tendo nascido em terras italianas, em meio à Segunda Guerra Mundial, em 1939, Costanza Pascolato é um dos maiores patrimônios da moda nacional. Com ela não existe brega ou chique, regrinhas ou métodos, tendências ou expressões como “você tem que”. Aos 83 anos, Constanza vive (e prega) uma moda sem amarras, pautada pelo fator que realmente importa: a autenticidade.

Em entrevista à coluna em 2019, Constanza se definiu como uma esteta nata, até mais do que uma pessoa de moda. Desde muito cedo, ela já contava com uma noção espacial apurada, o que fazia dela uma pessoa de opinião ainda muito nova. Foi essa curiosidade encapada em determinação que a levou a grandes lugares, seja como penetra, quando ninguém ainda a conhecia, seja como convidada da fila A, quando passou a ser convidada pelas grifes.

Na carreira, a consultora testemunhou o mercado em diferentes momentos. Ela viu o ready-to-wear nascer e acompanhou a ascensão do que conhecemos como fast fashion, essa moda que produz roupas em massa, em um ritmo acelerado.

O egresso no mercado editorial foi como produtora de decoração na revista Cláudia, nos anos 1970. Depois, ela saiu das páginas das colunas sociais, que acompanhavam a badalada rotina dos abastados de São Paulo, diretamente para o estúdio, onde começou a trabalhar efetivamente como produtora de moda. Bom, o resto é história. São quatro livros lançados, diversos programas na televisão, capas de revista e uma caminhada concisa.

Conhecida como a papisa da moda nacional, ela construiu uma identidade visual inigualável. Mescla um minimalismo nada básico e acessórios, como os grandes óculos de sol e os anéis de caveira, que se tornaram uma assinatura pessoal.

Fabio Setti/Especial para o Metrópoles
Costanza Pascolato é um dos maiores referências da moda nacional
A Elegância do Agora/Editora Tordesilhas/Reprodução
Na carreira, a consultora testemunhou o mercado em diferentes momentos — do nascimento do ready-to-wear ao avanço do fast fashion
Fábio Setti/Especial para o Metrópoles
Conhecida como a papisa da moda nacional, ela construiu uma identidade visual inigualável

Gisele Bündchen

O sucesso de Gisele Bündchen ultrapassa gerações. Em mais de 20 anos de carreira, a brasileira se tornou uma das modelos mais famosas da história da moda. Ao longo da carreira, conquistou milhares de fãs pelo mundo, foi cobiçada por muitas marcas e foi eleita, nos anos 2000, a mulher mais bonita do mundo.

Nascida no interior do Rio Grande do Sul, ela foi descoberta aos 13 anos, em um shopping. Tudo começou em um curso voltado a melhorar a postura. Em 1995, mudou-se para São Paulo e, depois de alguns meses, foi morar em Tóquio, onde viveu durante três meses.

Com persistência e coragem, Gisele construiu uma carreira sólida, mas também teve que lidar com dificuldades e desafios, como ela relata na biografia lançada em 2018.

“Quando comecei a trabalhar, mesmo que a princípio eu tivesse o porte de modelo, me sentia desajeitada”, escreveu a brasileira. “Aos 14 anos, nada parecia ser mais desagradável ou me fazia sentir mais constrangida do que um estilista me dizendo que eu era bonita, ou um fotógrafo me dizendo como fazer uma pose, ou ainda ouvir um editor comentando sobre o meu corpo, os meus seios, os meus olhos ou o meu nariz como se eu não estivesse lá”, desabafou.

Em 20 anos de trabalho, a eterna supermodelo acumula mais de 1.200 capas de revista, quase 450 campanhas publicitárias e cerca de 500 desfiles. No entanto, ela acredita que os feitos não foram resultado apenas de sua beleza. “Trabalhar como modelo era uma forma de explorar todas as facetas da minha personalidade, incluindo aquelas que eu nem sabia que tinha”, compartilhou na autobiografia.

Um dos episódios mais memoráveis da história de Gisele foi a abertura das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Foi a maior passarela que a übermodel já percorreu, com 128 metros de comprimento. Na ocasião, ela apareceu a bordo de um vestido metalizado com fenda, criado pelo estilista Alexandre Herchcovitch. “Foi eletrizante! Aquele momento pareceu ser o ponto culminante de tudo o que tinha vindo antes”, declarou Bündchen.

Recentemente, a aparição da gaúcha no Carnaval foi assunto por dias. Na ocasião, ela evidenciou que mais vale um básico autêntico do que uma montação sem personalidade. Gisele chegou ao Camarote N1 para assistir ao primeiro dia de desfiles do Grupo Especial das escolas de samba do Rio de Janeiro e causou um déjà-vu coletivo ao aparecer com um look similar ao usado em 2004: calça de cintura baixa, cinto e cropped. O stylist Pedro Salles foi o responsável por elaborar o visual que deu o que falar.

Vivara/Divulgação
Com mais de 20 anos de carreira, o sucesso de Gisele Bündchen atravessa gerações
Louis Vuitton/Divulgação
A brasileira se tornou uma das modelos mais famosas do mundo. Ela acumula no portfólio cerca de 500 desfiles
 Jamie Squire/Getty Images
Um dos episódios mais memoráveis da história de Gisele foi a abertura das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro

Luanda Vieira

O mercado editorial brasileiro de moda é um retrato pouco animador para pessoas pretas. Até mesmo quem conquistou o seu lugar, com todas as adversidades do caminho, que não são poucas, enfrenta uma solidão difícil de ser compreendida por aqueles que estão acostumados em se enxergarem em todos os lugares. Na comunicação de moda, Luanda Vieira é voz, rosto e referência.

Foi na arte do balé que começou a vida adulta, mas no mundo das palavras descobriu um poder tão avassalador quanto o dos jetés. O seu início no universo fashion se deu como repórter de moda na revista Glamour. Depois, foi editora de beleza e wellness na Vogue Brasil e também integrou o comitê de diversidade global da Condé Nast. Desde 2020, no entanto, Luanda resolveu dar um passo ousado em sua carreira e deixou a principal publicação de moda do Brasil para seguir em projetos solo.

Com o fim de uma “era”, veio o recomeço. Atualmente, a jornalista paulista se divide em uma “rotina sem rotina”.

De campanhas com a Chanel a entrevistas com mulheres inspiradoras no podcast O Corre Delas, lançado em parceria com a Obvious; de participações no programa Roda Viva a publicações afiadíssimas que refletem temáticas do momento.

Independentemente do formato, Luanda consegue, de maneira ímpar, falar de assuntos sensíveis e em alguns casos pessoais, com uma precisão raramente encontrada. O dom das palavras é inegável, mas o que as tornam tão marcantes são as vivências por trás dela.

Toda a potência de suas palavras culminou na parceria com a Dzarm, lançada nesta quarta-feira (8/3), e já disponível no e-commerce e lojas físicas da empresa. “A marca me convidou para escrever no E-CO2 Denim deles uma frase em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Resgatei a essência de todos os meus textos publicados na minha newsletter Vamos Falar de Amor? e cheguei em: Sou livre para ser. Já foi emocionante ver amigos vestindo as minhas palavras; não vejo a hora de poder ver vocês também”, declarou em publicação nas redes sociais.

@luandavieira/Instagram/Reprodução
Além de jornalista, Luanda Vieira é produtora de conteúdo e também presta consultoria de diversidade para empresas
@luandavieira/Instagram/Reprodução
Volta e meia, ela é uma das convidadas do Roda Viva, da TV Cultura, programa de entrevistas com personalidades de destaque
@luandavieira/Instagram/Reprodução
Luanda acaba de lançar uma colaboração com a Dzarm, onde estampa frases impactantes escritas por ela

Zuzu Angel

Zuzu Angel foi emblemática. Poucos criadores de moda conseguiram feitos semelhantes aos dessa costureira, como ela preferia ser chamada. Ela foi uma das primeiras estilistas a enfrentar barreiras impostas pelo conservadorismo e machismo da época e, mesmo com todas as barreiras, conseguiu estampar o Brasil no mapa.

Zuzu nasceu Zuleika de Souza Netto, no dia 5 de junho de 1921 no estado de Minas Gerais. Ainda muito jovem, ela começou a confeccionar roupas para amigas e parentes para ajudar nas despesas de casa. Em 1943, ela se casou com o norte-americano Norman Angel Jones, funcionário do governo norte-americano. O seu repertório estético foi enriquecido quando mudou-se para a Bahia, onde passou a se inspirar em referências do sincretismo religioso.

Quanto mais a indústria hollywoodiana influenciava a moda, mais estilista se voltava para elementos diferenciados. A brasilidade “a lá Zuzu Angel” utilizava materiais inovadores, como tecido de colchão, chita e seda. Tudo isso traduzido em criações que transbordavam bossa.

No auge de sua carreira internacional, em 1971, quando o Brasil vivia sob a ditadura militar, Zuzu teve a sua alegria substituída pelo luto. No ano em questão, o seu filho Stuart desapareceu e ela ficou sem notícias concretas sobre o paradeiro do filho primogênito.

Em meio à dor, ela usou a moda como instrumento para expressar aquilo que nem ao menos poderia dizer por conta da censura. Na coleção International Dateline Collection III, desfilada em Nova York, nos Estados Unidos, ela apresentou vestidos com bordados delicados de anjos chorando, palhaços vestidos de militares, sol quadrado e preso atrás das grades representavam a intervenção violenta do militarismo no país.

No fim, enquanto distribuía santinhos com a imagem do filho, o clássico vestido de noiva foi substituído pelo vestido de luto, feito com rendas e um cinto com crucifixos. Esse foi considerado o primeiro desfile de protesto da história da moda brasileira. Anos mais tarde, ela conseguiu documentos que provaram a morte de seu filho. E, o mesmo fim trágico de Stuart, alcançou a mãe: na madrugada de 14 de abril de 1976, Zuzu Angel sofreu um atentado que tirou a sua vida.

Instituto Zuzu Angel/Reprodução
Zuzu Angel foi um dos primeiros nomes da moda brasileira a fazer sucesso internacionalmente

 

Instituto Zuzu Angel/Reprodução
A brasilidade a lá Zuzu Angel utilizava materiais inovadores, como tecido de colchão, chita e seda. Tudo isso traduzido em uma estética que transbordavam bossa

 

Instituto Zuzu Angel/Reprodução
Em 976, Zuzu Angel sofreu um atentado, tratado na época como um acidente de carro, que acabou tirando sua vida

Nesta data com tamanho simbolismo, a Coluna Moda Fora dos Padrões reforça a sua admiração por essas e tantas outras que usam os seus dons e talentos como potência. Por todas as Costanzas, Giseles, Luandas e Zuzus que vivem e resistem.

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