Na pornochanchada brasileira “Mansão do Sexo Explícito”, de 1985, o personagem principal é um cafetão viciado em lenocínio — crime praticado por quem explora o trabalho de prostitutas — e aficionado em organizar orgias. Transportados para a vida real, como se tivessem saído das telas do cinema, casarões no Distrito Federal abrigam eventos privativos. Neles, sessões frenéticas de transas rolam em todos os cantos.
A Mansão da Sacanagem foi concebida por dois sócios para movimentar a indústria especializada na produção de conteúdo adulto genuinamente brasiliense. Conhecido em locais que fervilham festas liberais e eventos regados a shows eróticos, o dono do negócio é Kenny King — o “Rei da Putaria” —, como ele se autointitula. A coluna passou a noite em uma das propriedades com temática medieval e acompanhou como funciona, na prática, as engrenagens que movimentam as baladas sacanas.
Veja imagens de Kenny King e suas meninas na Mansão da Sacanagem:
As meninas da mansão se apresentam como produtoras de conteúdo adulto e rechaçam o rótulo de garotas de programa. Igo Estrela/Metrópoles
As mulheres ficam cerca de uma semana confinadas na mansão, para produzir conteúdo. Igo Estrela/Metrópoles
Todas as garotas são chamadas de “filhas” por Kenny King. Igo Estrela/Metrópoles
Clientes da mansão são convidados a gravar cenas de sexo com as modelos. Igo Estrela/Metrópoles
Alguns poucos convidados são escolhidos a dedo para visitar a mansão Igo Estrela/Metrópoles
A mansão é itinerante. Igo Estrela/Metrópoles
As festas são sempre temáticas, mas não são abertas ao público. Igo Estrela/Metrópoles
Cada menina fatura com a venda do seu próprio conteúdo na internet. Igo Estrela/Metrópoles
Reality show
King desenvolveu o projeto da mansão para hospedar uma espécie de reality show, onde câmeras indiscretas monitoram, durante 24 horas, por até sete dias consecutivos, um grupo de mulheres que produz conteúdo adulto em larga escala. O material é vendido para dezenas de milhares de seguidores interessados em consumir o produto. As imagens e os vídeos também são disponibilizados em plataformas especializadas, como o Privacy, espécie de OnlyFans brasileiro.
O rei da sacanagem rechaça o rótulo de cafetão e garante que não há prostituição em seu negócio. “Produzimos conteúdo, com contrato assinado, cachês pagos e todos trabalham por livre e espontânea vontade. O material estrelado pelas meninas também é comercializado por elas da forma que desejarem. No entanto, eu também tenho direito de vendê-los. Esse é o acordo, e todos saem ganhando. Não existe exploração sexual ou rufianismo”, garantiu.
Segundo o artigo 229 do Código Penal do Brasil, é crime “manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente”. A pena prevista é de dois a cinco anos de prisão e multa.
Para evitar olhares curiosos, a mansão é itinerante, ou seja, as festas e as temporadas da Mansão King nunca ocorrem no mesmo imóvel. Não existe venda de ingresso ou valor cobrado para desfrutar do erotismo durante os eventos. Os convidados são selecionados a dedo. “Escolhemos clientes que compram os packs de fotos e assinam nosso conteúdo para se divertirem com as meninas. Ou então, homens que eu simpatize. Sim, rola de tudo na casa, inclusive longas sessões de sexo explícito entre os convidados e as meninas. Tudo sem custo para os contemplados”, contou.
Veja entrevista com Kenny King, o “Rei da Putaria”.
Mansão Playboy
A primeira temporada da Mansão King teve temática inspirada na icônica Mansão Playboy, criada pelo magnata americano Hugh Marston Hefner, morto em 2017. Poucos convidados receberam, em casa, um convite personalizado que simulava a já extinta revista erótica mais famosa do mundo. “A festa foi um sucesso e fez crescer o engajamento da mansão e das modelos no Instagram”, ressaltou Kenny King, que já conta com cerca de 100 mil seguidores em seu perfil.
O empresário afirma que a festa será movida a puro sexo. “O título será a ‘Fantástica Fábrica de Putaria’, e pretendemos fazer um vídeo publicitário com uma releitura do clipe da música Candy Shop, do rapper americano 50 Cent”, explicou. O chefe do negócio não revela o local exato da mansão que abrigará a segunda temporada do reality erótico, mas garantiu que a festa será um divisor de águas na indústria do sexo brasiliense. “Teremos convidados que são referência nas mais variadas áreas de atuação”, contou, sem dar pistas.
Muito dinheiro
Outra modelo que integra o “casting” da mansão tem 20 anos e é conhecida pelos cabelos coloridos em tons de azul e lilás, além das tatuagens espalhadas pelo corpo. Nathy, 20 anos, conta já ter ganhado muito dinheiro com a venda de conteúdo adulto. Pontua ainda que mantém algum material em plataformas adultas. “Atualmente meu foco é a música”, relatou.
A jovem disse morar com os pais, em Samambaia, mas pretende passar uma temporada em São Paulo. “O dinheiro proveniente das fotos e dos vídeos me ajudaram muito, e a exposição com a Mansão King me auxiliou a alcançar meus sonhos. Eu também canto, danço e faço participações em videoclipes”, salientou.
A modelo deve estar presente na próxima temporada da mansão, para interagir com os convidados. “Depois disso, vou continuar focando na música, que é onde eu me encontrei”, finalizou.