Mandalas da artista acreana Beth Lins são expostas na Galeria Juvenal Antunes

A exposição “Tempo: mandalas, lembranças e sentimentos” de Beth Lins é de encher os olhos. Está em exposição na Galeria Juvenal Antunes, calçadão da Gameleira.

De fato, tudo nela impressiona por sua riqueza de cores e elementos. Elementos que compõem a criação a partir da relação da artista com seus muitos mundos. No mundo interior estão as lembranças, os pensamentos e os sentimentos.

Sentimentos de “sentir” e “sentidos” sobre tudo aquilo que a transforma na Beth artista e a faz expressar no mundo exterior através de suas obras. Para o mundo exterior ela traz signos e símbolos. Lá está a máquina de costura, produzindo uma colcha de retalhos, representando aquilo que fez sentido em tempos outros, a máquina, a mulher, a produção/criação. Os botões foram parar em um grande círculo – a obra “Infância” -, saiu da sua função de fechar uma “casa de botão” para fazer-se obra através de um composê de elementos. As cores dos elementos da chita se confundem com as cores de um vitral na obra “Memórias”.

Os tecidos deram vida a uma obra em forma de montagem, com suas geometrias perfeitas e inconfundíveis. O mundo exterior da artista revela ainda sua relação com a floresta e tudo o que ela compõe e representa.

A obra “O beijo & o beijo encantado” talvez não tenha nenhuma relação com a obra o “Beijo” do artista austríaco Gustav Klimt. Aqui os personagens são compostos por elementos encontrados na criação dos povos da floresta. Criações carregadas de sentidos com os seres, mundos e espíritos da floresta. A floresta encontra-se no pano de fundo da obra e suas perspectivas. Da mesma forma a obra “Tempos – Moça com brinco de Pérola & Moça com brinco de Seringa”, traz pouca relação com a obra “Moça com brinco de Pérola” do artista Neerlandês Johannes Vermeer. Nessa composição, a artista Beth Lins traz sua própria criação e a riqueza da poiesis está nos elementos também ligados à floresta, como a semente da seringueira e dos frutos do açaí.

Os horrores da exploração da mão-de-obra de produção da borracha, talvez esteja representado pelas cores fortes e escuras do fundo da obra, com destaque para os pingados da cor branca que faz lembrar o leite da seringa. E o olhar da Moça? Um olhar profundo refletindo aquele tempo? Falando em tempo: Que tal relógios, ampulhetas e chaves que nos faz refletir os muitos tempos representados especialmente nas obras “O tempo de cada um” e “Portal dos sonhos ou Possibilidades”.

Passado, presente e futuro. O que você está fazendo do seu tempo? Tempo que passa rápido, as vezes devagar demais. Abrir-se para novos tempos ou fechar-se. Abrir outras portas. Que portas queremos abrir ou fechar? Veja-se também na composição artística dos espelhos tal qual nas obras “Espelhos I, II e III”. Olhe para toda a exposição, depois para si e provoque-se.

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