Morreu nesta segunda-feira (13), o mestre sanfoneiro Pedro Monteiro Moraes, o “Pedro Sabiá”. Era um autodidata, um mestre dos saberes tradicionais nos seringais, disseram seus amigos e amigas, entre os quais a cantora e compositora Leila Hoffman. “Hoje a cultura acreana lamenta a perda de um de seus mais importantes mestres de saberes tradicionais”, disse a artista.
“Pedro Sabiá” nasceu num seringal do município de Xapuri e cresceu entre o corte de seringueiras, colheita de castanha, caçadas e pescarias, mas sempre ao som de sanfonas, tocadas por seu pai, outro mestre.
Era amigo pessoal do sindicalista Chico Mendes e de seus demais familiares. Cresceu ao lado do futuro sindicalista e mártir do movimento ambientalista internacional que seria assassinado em dezembro de 1988.
Como na história de tantos de seus companheiros, “Sabiá” aliou a arte de compor, cantar e tocar sanfona ao corte da seringa até ser expulso de suas terras, com a família, graças ao avanço da pecuária em toda a região do Alto Acre, na década de 1970. Mas na cidade continuou sua arte e a defender os valores de homem da floresta até ser incorporado ao Instituto Nova Era, que reúne artistas, intelectuais e outros defensores do movimento ambiental.
“Pedro Sabiá pôde compartilhar seus saberes e habilidades com as gerações mais jovens, fortalecendo a identidade cultural da região. O legado de Pedro Sabiá continuará vivo graças ao compromisso de instituições como o Nova Era”, disse Leila Hoffman.
“Que sua música e sua história continuem a inspirar as gerações futuras e a nos lembrar da importância de protegermos nossas raízes e patrimônios culturais”, acrescentou.