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No interior de Acre, mulheres criam time de futebol e fazem apelo: “Não é só pelo jogo, mas por igualdade”

Por Carina Menezes, ContilNet

Grupo tem mais de 30 mulheres que tem o futebol como único lazer. Foto: Cedida

No interior do Acre, em uma comunidade às margens da BR-364, entre os municípios de Feijó e Manoel Urbano, um grupo de mulheres resiste e faz sua própria revolução.

É ali, a mais de 300 quilômetros de distância da capital Rio Branco, em um espaço de chão íngreme e muitas vezes coberto por lama, que o time feminino da comunidade Açaizal, intitulado de “Areal”, se reúne para jogar futebol.

Josineia dos Santos, uma das fundadoras do clube, dá voz às mais de 30 mulheres que têm o esporte como única alternativa de lazer e que sonham em se desenvolver como atletas.

“Nós gostamos de jogar bola desde pequenas. Jogávamos em meio aos homens, mas era muito ruim, por isso decidimos nos reunir e montar nosso time feminino. Treinamos e sonhamos em conquistar mais oportunidades no esporte”, conta.

Time feminino Areal joga em campo de terra. Foto: Cedida

Santos destaca que são poucas as oportunidades de diversão nas comunidades rurais e que a equipe precisa, muitas vezes, se deslocar mais de 50 quilômetros enfrentado as mais diversas dificuldades para participar dos torneios. Além disso, o fato de ser um time feminino torna ainda mais difícil conseguir apoio.

“Para participarmos de uma competição temos que nos deslocar para Feijó, que fica a 50 quilômetros de onde vivemos. Para chegar até lá temos que pagar fretes nos chamados “pau de arara”. Não é fácil encontrar patrocínio em uma sociedade onde somos duplamente marginalizadas; por sermos mulheres e por jogar futebol, que ainda é uma modalidade esportiva de predominância masculina”, analisa.

A equipe divide o campinho com os homens da comunidade, e luta por melhorias no espaço para que possam seguir jogando futebol.

“Treinamos em um espaço minúsculo, um lugar íngreme, que de um lado tem uma ribanceira e do outro uma cerca, e no inverno quase não conseguimos treinar por conta da lama. Tudo que queremos é um espaço, com rede e bola, seja quadra ou até mesmo um campo patrolado, para continuarmos alimentando nosso esporte e nosso sonho de jogar futebol. Fala-se muito que os jovens são o futuro, mas nada fazem para garanti-lo”, reivindica.

Grupo de mulheres de comunidade rural tem o futebol como único lazer. Foto: Cedida

Mesmo com todas as dificuldades, o time feminino “Areal” está construindo a sua história. A equipe já participou de diversos campeonatos e quer continuar competindo, pois, para essas meninas, jogar futebol vai além de uma paixão, faz parte da luta das mulheres por igualdade.

“Infelizmente não há apoio e muito menos incentivo, mas nós continuaremos a lutar, pois, já não é só futebol é luta por igualdade e reconhecimento”, declarou Jaisiane Santos, que também é integrante do grupo.

Equipe percorre mais de 50 km para participar de torneios. Foto: Cedida

 

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