O coelhinho vai ter mais dificuldades para presentear as crianças com os tradicionais ovos de páscoa neste ano, por conta dos preços cada vez mais caros. De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), os preços desses produtos estão, em média, 13% a 18% mais caros em 2023.
O levantamento indica que os supermercadistas estão investindo na variedade de opções de ovos e de bombons para este ano. Os donos desses estabelecimentos informaram que, em média, 20% de todas as encomendas para a Páscoa foram distribuídas para ovos de 100g a 521g — além dos que vêm com brinquedos ou brindes, que são os mais escolhidos pela criançada.
Já os miniovos, coelhos e barras de chocolate de 60g até 101g devem representar 25,1% do volume total de vendas relacionadas a esta data e os bombons de 77g a 250g, representarão 26,7% do montante geral. “É importante a gente ver que a fabricação de ovos vem em algo em torno de 6 a 8 meses antes e uma grande parte desses custos de produção é o investimento em estoque”, comentou o vice-presidente da Abras, Marcio Milan.
Mesmo com a carestia, a associação prevê, em seu estudo, que o consumo total, em volume, deve aumentar em torno de 15% na Páscoa deste ano. Além do tradicional ovo, outros itens devem alavancar o aumento do consumo na data, como a colomba pascal de chocolate, com aumento de 14,4% nas vendas e a colomba pascal de frutas cristalizadas, no qual se espera uma elevação de 23,8%.
Outros produtos também devem puxar o crescimento as vendas, como é o caso dos peixes em geral (19,6%), bacalhau (18,9%), ovos de galinha (17,3%), batata (15,4%), azeitona (14,4%) e azeite (14,3%), considerados pela associação como os itens de almoço que mais devem ser comercializados neste período.
No ramo das bebidas, o consumo deve ser alavancado pela cerveja (23,7%), vinho importado (20,6%), suco (19,3%), refrigerante (18,7%) e vinho nacional (17,7%).“A Páscoa é o momento em que as famílias buscam produtos de maior qualidade como pescados, bacalhau, azeites, vinhos, cervejas e os tradicionais chocolates, tanto em barras quanto em ovos de chocolate para o consumo ou para presentear”, analisa Milan.
No entanto, para o economista-sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens e Serviços (CNC), Fábio Bentes, o aumento no volume de vendas para este ano ainda deve ser menor que o de 2019, antes da pandemia. “A razão para isso é o fato de que a gente ainda vive uma inflação de alimentos muito forte no Brasil e a Páscoa é uma data onde há um consumo muito maior de alimentos do que outros tipos de produtos. Então isso vai afetar o desempenho na Páscoa deste ano”, analisa.
O economista também reforça que há alguns indícios que apontam para uma Páscoa mais modesta em 2023. Entre eles, ele ressalta o aumento de importações de produtos como chocolate e bacalhau, que, de costume, são muito vendidos nesta época. “Isso, mesmo considerando que a taxa de câmbio do dólar recuou um pouquinho – cerca de 5% – entre a Páscoa de 2022 e a de 2023”, aponta o economista.
* Estagiário sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza