Ouvi nos últimos dias muito burburinho sobre a ida do Governo brasileiro à China. Mesmo sem a presença do presidente Lula, o Brasil fez uma visita comercial em busca de reestabelecer a credibilidade perdida em função de afirmações, dados e falácias de um passado recente, diante de um mundo globalizado, típicas de um mau promotor de vendas que quer vender seu produto, mesmo que só naquele momento, sem pensar na sustentabilidade do seu negócio.
Quando vi críticas ao presidente da APEX, Jorge Viana, acreano que dispensa apresentações, em função de sua trajetória na vida pública e dos trabalhos prestados ao Acre e ao Brasil, busquei como sempre faço, a fonte de tanto burburinho: um discurso onde ele expõe a necessidade de resolvermos questões reais, de conhecimento público mundial, alertando para as ilegalidades praticadas por alguns, que buscam o lucro imediato, e que precisam ser fiscalizadas e combatidas.
Até aí nada demais. O que me espantou foi a deturpação do pronunciamento que, ao meu ver, exaltou os produtores brasileiros que lutam sozinhos, inclusive como desenvolvedores autônomos de tecnologia em suas propriedades, na busca do aumento da qualidade e produtividade, assim como da sustentabilidade do agronegócio brasileiro. Até mesmo esse elogio transformaram em crítica.
Afirmar que a tecnologia existente e empregada em muitas propriedades brasileiras, como a incorporação de áreas de mata secundária aos processos produtivos como forma de diminuir o desmatamento, são medidas de fato viáveis e que se difundidas amplamente, rapidamente podem mudar nossa realidade, devendo se transformar inclusive em política pública, é uma fala mais que coerente e amplamente propagandeadas pelo próprio agronegócio.
A ampliação da exportação dos produtos atuais e a inclusão de novos produtos, especialmente de produtos da agricultura familiar, a partir das cooperativas brasileiras, precisa ser incentivada, como forma de incluir essa gigantesca força produtiva o que a muito tempo vem sendo feito pelo atual presidente da APEX, quando implementou as cadeias produtivas de produtos florestais como a castanha, a borracha e madeira manejada, bem como quando sonhou e executou a saída para o pacífico e ao longo dela, no Alto Acre, a produção de Aves e suínos de forma integrada com os respectivos frigoríficos, visando a exportação, ações deixada de lado pelos governos mais recentes. Aliás, ao contrário do último, o Governo Lula é o governo da inclusão.
Meu lugarzinho no mundo é Xapuri, um lugar que possui uma das maiores reservas extrativistas do Brasil: a RESEX Chico Mendes. Grandes fazendas de gado, pequenos e médios produtores, e produtores que vivem em áreas de até 4 hectares nos Polos de produção agroflorestais, implementados também por Jorge Viana.
Nossa história me ensinou a conviver com ideologias e práticas diferentes e antagônicas, contudo, ao mesmo tempo que possuímos um rebanho bovino de 15 cabeças pra cada habitante, possuímos também o melhor preço da borracha natural do Brasil, R$ 22,00/KG (vinte e dois reais o quilo) desde que produzida de forma sustentável, recebendo assim o pagamento de serviços ambientais.
O mosaico e as diversas matizes que formam o mundo precisam ser consideradas individualmente, mas com a clareza de que formam um todo. Assim, a APEX não é uma extensão e nem pode ser exclusiva do agronegócio, ela precisa atender a TODOS os brasileiros.
O que vi nesse episódio foi a clara deturpação propositada com fins politiqueiros, de um posicionamento verdadeiro e ético de quem busca uma relação baseada na verdade e portanto duradoura. Tal prática é elogiável e serve para qualquer relação entre pessoas ou países como é o caso, admitir que temos problemas não é problema, é solução. Reafirmo que em um mundo onde a informação está disponível, mentir ou omitir não é uma opção.
Parabéns, Jorge Viana, estar na Presidência da APEX não fez você abandonar a verdade, quando com a coragem de sempre encarou e apontou soluções para os nossos problemas reais.