No depoimento prestado à Polícia Federal em Brasília nesta terça-feira (26), o ex-presidente Jair Bolsonaro apelou para dores abominais em consequência da facada na campanha em 2018, e o uso de medicamentos que o doparam, para justificar as notícias falsas questionando o resultado da eleição presidencial, que o derrotou. Foi isso o que divulgou a defesa do ex-presidente assim que ele deixou a Polícia Federal.
A defesa é feita pelo ex-ministro e advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten. O ex-chefe da Secom reforçou que o próprio Bolsonaro repudiou os protestos violentos ocorridos em Brasília e que, ao questionar o resultado da eleição, “o presidente estava sob efeito de remédios quando compartilhou vídeo com informações falsas que questionam o resultado da última eleição”.
Após a publicação nas redes sociais, o ex-presidente virou alvo de inquérito que apura os responsáveis pelos atos golpistas de 8 de janeiro. Investigado como um dos autores intelectuais e instigador dos atos, Bolsonaro também afirmou, em depoimento à PF, que a intenção era enviar o vídeo pelo WhatsApp —e não publicar no Facebook.
O post foi apagado cerca de duas horas depois de ser publicado. Na ocasião, Bolsonaro havia acabado de receber alta após ser internado com fortes dores abdominais, nos Estados Unidos.
No vídeo compartilhado pelo ex-presidente, um procurador do estado de Mato Grosso do Sul divulga teses já desmentidas sobre as eleições de outubro. Diz, por exemplo, que o povo brasileiro não tem “poder” sobre o processo de apuração dos votos.
O depoimento de Bolsonaro à PF sobre os atos golpistas durou mais de 2 horas. A oitiva do ex-mandatário na sede da PF, em Brasília, foi a segunda no local em menos de um mês. Em 5 de abril, ele foi ouvido pela PF por 2h30 para explicar sobre as joias que ganhou de presente da Arábia Saudita.
Bolsonaro foi incluído na investigação que apura a invasão dos prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do STF, com depredação do patrimônio público, no início de janeiro. A Procuradoria Geral da República (PGR) sustenta que a inclusão de Bolsonaro nas investigações é para apurar se ele teria incitado a prática de crimes contra o Estado Democrático de Direito ao compartilhar vídeo nas redes sociais. A postagem reiterava a tese infundada de que houve fraude na eleição do ano passado para presidente da República