A Terra Indígena Arara do Rio Amônia, no Vale do Juruá, interior do Acre, uma dos seis territórios a serem demarcados segundo anunciou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos decretos de homologação durante o encerramento do Acampamento Terra Livre 2023, em Brasília, é habitada por 434 pessoas.
O espaço territorial tem a extensão de 20 mil e 764 hectares e apresenta sobreposições com três terras reservadas pelo governo federal, uma área sob tensão por ser utilizada como rota de traficantes de drogas e de madeiras.
Os processos de demarcação estavam paralisados desde 2018, pois o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que não faria nenhuma demarcação durante seu governo. A portaria declaratória é uma das fases do processo de homologação de uma terra indígena. Após estudos de identificação, o governo federal reconheceu a área como pertencente a determinado grupo indígena.
O objetivo dessa política é promover e garantir a proteção, recuperação, conservação e o uso sustentável dos recursos naturais nos territórios indígenas. A iniciativa assegura a melhoria da qualidade de vida dos indígenas com condições plenas para a reprodução física e cultural das atuais e futuras gerações, além de garantir a integridade do patrimônio material e imaterial desses povos.
A região onde vivem os indígenas do povo Arara é muito frequentada por traficantes de drogas e madeireiros que agem na localidade fronteiriça do Alto Juruá com o Peru, informam organismos de segurança pública.
Os traficantes de cocaína usam ribeirinhos e os próprios indígenas para o transporte de droga. Agentes do Ibama, a Funai e militares do 61º BIS (Batalhão de Infantaria e Selva), do Exército, além de homens da Polícia Federal, já estiveram na região, na fronteira com o Peru, quando constataram muitas anormalidades.
Segundo o responsável pela Funai em Cruzeiro do Sul, Fernando Katukina, participante da expedição, existem muitos varadouros na mata utilizados por traficantes, chegando ao município de Marechal Thaumaturgo, de onde seguem com destino a Cruzeiro do Sul.
Outra denúncia grave é de que os ribeirinhos estão ficando viciados na pasta base de cocaína, e para manter seu vício trocam a droga por couros de animais abatidos na floresta que são contrabandeados para o Peru. Além disso, informa Fernando Katukina, há muitos estrangeiros irregulares no Rio Amônia.
Os Apolima Arara é um grupo indígena que morava dentro da Terra Indígena Ashaninka do Rio Amônia. No entanto, os Ashaninka não permitiram outras etnias dentro de suas terras e então os Apolima Arara mudaram-se para uma região próxima. Posteriormente o Incra arrecadou aquela área e transformou-a num assentamento, denominado Gleba Amônia, onde residem 40 pessoas.