Dois dos 3 senadores do Acre votam pela recriação de nova CPI para investigar ONGs na Amazônia

Os senadores Márcio Bittar (União Brasil) e Sérgio Petecão (PSD), da bancada do Acre, estão entre os 37 signatários – sendo 12 da região amazônica, requerimento que recriou no Senado Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) para apurar a atuação das Organizações Não Governamentais (ONGs) na Amazônia. O terceiro senador da bancada da direita, Alan Rick (União Brasil), não assinou o requerimento nem explicou as razões. A CPI foi proposta pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM).

Esta nova CPI terá o mesmo papel e finalidade de outra, encerrada em 2010, também no Senado, sem sugerir indiciamentos ou apontar culpados ou irregularidades. O requerimento estabelece que a CPI terá 130 dias para investigar a liberação de recursos públicos para ONGs e para Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs). 

A atual comissão aguardava a instalação desde 2019, mas perdeu a validade devido à mudança da legislatura neste ano. Um novo processo precisou ser iniciado.

Após a indicação dos 11 titulares e sete suplentes, a CPI deverá ser instalada nos próximos dias. O próximo passo agora é o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) oficiar os líderes dos blocos para a nomeação dos membros da CPI. 

De acordo com Plínio Valério, a nova CPI vai investigar os repasses do governo a estrangeiros para as ONGs e OSCIPs do período de 2002 a janeiro deste ano e como foram gastos. Também estarão na mira da CPI a atuação de ONGs de fachada, sua ingerência sobre o Poder Público e a compra de terras.

“O País passou, com frequência cada vez maior, a conviver com denúncias de existência de ‘ONGs de fachada’, cujos reais propósitos seriam repassar recursos a partidos políticos ou mesmo a particulares. Também se avolumaram as suspeitas de que, mesmo sem receber verbas governamentais, ONGs se envolvem em atividades irregulares, inclusive a serviços de empresas com sede no exterior e a interesses de potências estrangeiras”, apontou Plínio Valério no requerimento.

A primeira CPI foi presidida por Heráclito Fortes (DEM-PI) e com relatoria de Inácio Arruda (PCdoB-CE), teve duração de três anos. O relatório final continha 1.478 páginas e não sugeriu ou apontou culpados por repasses ilegais às organizações do terceiro setor.

O relator, aliado do governo federal à época — o presidente da República era Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — montou o documento e nem sequer o enviou aos membros da comissão, afirmando que a não votação foi motivada pela disputa entre governo e oposição durante a comissão parlamentar de inquérito.

Heráclito Fortes (DEM-PI) chegou a afirmar que o governo prejudicou os trabalhos da CPI, já que os parlamentares da base governista se colocavam contra todas as iniciativas de investigação, “apostando na desinformação dos eleitores”. “Se a maioria quiser sabotar a investigação, basta não aprovar o requerimento. Na prática, é uma falta de respeito com a minoria e uma ameaça à democracia. Isso ocorreu de fato na CPI das ONGs“, afirmou, à época.

Veja quem assinou para a criação da nova CPI:

  1. Plínio Valério (PSDB-AM)
  2. Carlos Portinho (PL-RJ)
  3. Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
  4. Damares Alves (Republicanos-DF)
  5. Eduardo Girão (Novo-CE)
  6. Magno Malta (PL-ES)
  7. Rogério Marinho (PL-RN)
  8. Marcio Bittar (União-AC)
  9. Mecias de Jesus (Republicanos-RR)
  10. Zequinha Marinho (PL-PA)
  11. Tereza Cristina (PP-MS)
  12. Alessandro Vieira (PSDB-SE)
  13. Dr. Hiran (PP-RR)
  14. Eduardo Gomes (PL-TO)
  15. Styvenson Valentim (Podemos-RN)
  16. Wellington Fagundes (PL-MT)
  17. Luis Carlos Heinze (PP-RS)
  18. Wilder Morais (PL-GO)
  19. Soraya Thronicke (União-MS)
  20. Carlos Viana (Podemos-MG)
  21. Lucas Barreto (PSD-AP)
  22. Jaime Bagattoli (PL-RO)
  23. Ciro Nogueira (PP-PI)
  24. Rodrigo Cunha (União-AL)
  25. Esperidião Amin (PP-SC)
  26. Cleitinho (Republicanos-MG)
  27. Oriovisto Guimarães (Podemos-PR)
  28. Izalci Lucas (PSDB-DF)
  29. Astronauta Marcos Pontes (PL-SP)
  30. Jorge Seif (PL-SC)
  31. Sérgio Petecão (PSD-AC)
  32. Nelsinho Trad (PSD-MS)
  33. Hamilton Mourão (Republicanos-RS)
  34. Sérgio Moro (União-PR)
  35. Vanderlan Cardoso (PSD-GO)
  36. Jayme Campos (União-MT)
  37. Chico Rodrigues (PSB-RR)
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