Quando, em 2010, o governo do estado inaugurou a Escola Acreana de Música, em local que por muitos anos abrigou o Centro Cultural do Tucumã, nasceu ali um espaço que permitiria que crianças, jovens e adultos pudessem sonhar através da música.
Sua presença para a população acreana se tornou indispensável, assumindo desde já um papel fundamental, transformando-a na principal porta de entrada para muitas carreiras promissoras na área, que por muitas vezes são silenciadas, literalmente, pela falta de oportunidades.
Assim, o desenvolvimento das habilidades de nossos cidadãos no setor musical tornou-se possível. E o sonho voltou a ser mais colorido, palpável e sonoro. Se por um lado a realidade social do nosso Acre não é tão favorável para quem desejar sobreviver exclusivamente da música, por outro lado, a oferta de vagas gratuitas numa escola pública e de qualidade que tem foco nesse segmento é privilégio não disponível a todos os estados – mesmo aqueles melhor desenvolvidos economicamente – e o Acre pode servir de inspiração.
O coordenador-geral dessa casa de cultura é o maestro Afonso Portela. Licenciado, Especialista e Mestre na área, Afonso realiza também, junto com a equipe da escola, apresentações artísticas para a comunidade. Recentemente, ele e outros profissionais se apresentarem em abrigos montados pelo governo e prefeitura da capital para acolherem os atingidos pela cheia do Rio Acre.
Como bom servidor público, acredita que a missão humana na terra é, justamente, a de servir. “Estamos na terra para servir ao próximo e sei que a música tem latente poder transformador, podendo mudar a vida das pessoas. Há relatos de alunos e pais que falam em como a escola mudou as suas vidas e de seus filhos. Isso me motiva, me faz sentir útil e realizando minha tarefa”, explicou Portela, quando procurado por esta coluna.
Para o ano de 2023, a Escola Acreana de Música, que é administrada pela Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esportes, abriu 610 (seiscentos e dez) vagas para os cursos de violão, canto, violino, bateria, piano/teclado, guitarra, ukulelê, percussão, e musicalização infantil. O governo dispõe de profissionais com formação e especialização na área que ministram as aulas para os alunos, além da manutenção estrutural do agradável prédio onde funciona.
Trabalhos como esse, todavia, precisam ser expandidos. Assim, poderemos ter um alcance de públicos cada vez maiores, um maior fomento da produção artística, bem como a exportação do nosso talento acreano para o restante do Brasil – quiçá, para o mundo.
O investimento parlamentar, por meio de emendas ao orçamento, deve ser o caminho mais acessível para um aporte financeiro significativo que possibilite uma aplicação exclusiva para os projetos da escola de música, seja na construção de outros núcleos ao redor do estado, seja para a aquisição de mais instrumentos e equipamentos tecnológicos, sem disputar com as grandes demandas da verba carimbada.
Espera-se de nossos parlamentares, tanto estaduais quanto federais, a destinação de recursos para esses espaços, que são de educação e de cultura, posto que o desenvolvimento cultural e educacional de nossa população não é responsabilidade privativa daqueles que têm essas pautas como suas bandeiras, mas sim de todos os parlamentares que se preocupam com a melhoria da qualidade de vida e com o bem estar de seu povo.
Falar em bem estar e não pensar na música é, irrefutavelmente, um grande erro, pois ela, segundo Platão, “dá alma ao universo, asas à mente, voo a imaginação, e vida a tudo”.
– Jackson Viana é Escritor, Poeta, autor de três livros, presidente-fundador da Academia Juvenil Acreana de Letras (AJAL), Embaixador da Região Norte na Brazil Conference at Harvard & MIT e Embaixador Mapa Educação 2023.