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Haddad diz que juro rotativo do cartão prejudica pessoas de baixa renda e negocia corte com bancos

Por G1

'Objetivo nacional é salvar democracia', diz Haddad. Foto: Reprodução

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (17) que vai negociar com as instituições financeiras uma redução da taxa de juros cobrada nas operações com o cartão de crédito rotativo – a linha de crédito mais cara do mercado.

O crédito rotativo do cartão de crédito pode ser acionado por quem não pode, ou opta por não pagar, o valor total da fatura na data do vencimento.

“O desenho [do crédito do cartão rotativo] está prejudicando muito a população de baixa renda. Uma boa parte do que pessoal que está no Serasa hoje é por conta do cartão de crédito. Não só, mas é também por cartão de crédito. E as pessoas não conseguem sair do rotativo. É preciso encontrar um caminho negociado como fizemos com a redução do consignado dos aposentados”, declarou a jornalistas.

De acordo com ele, essa é uma das 14 medidas do pacote para destravar o crédito bancário que será anunciado nas próximas semanas pelo governo brasileiro. Algumas ações contam com a participação do Banco Central.

Haddad confirmou que a redução do juro do cartão de crédito rotativo é um dos temas a ser discutido em reunião ainda nesta segunda-feira com representantes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em Brasília.

De acordo com informações do Banco Central, a taxa média de juros cobrada pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo somou 417,4% ao ano em fevereiro. É o maior nível desde agosto de 2017 (428% ao ano).
O patamar da taxa rotativa de juros segue proibitivo. A recomendação de economistas é que os clientes bancários paguem todo o valor da fatura mensalmente.
Segundo dados do BC, as concessões de empréstimos por meio do cartão de crédito rotativo para pessoas físicas registraram crescimento em 2022 e bateram recorde.

Endividamento em alta
O alto patamar dos juros do cartão de crédito rotativo acontece em um momento de alta do endividamento das famílias, o que limita a capacidade de consumo da população e impulsiona a inadimplência.

Segundo o BC, o endividamento somou 48,8% da renda acumulada nos doze meses até fevereiro desse ano. A série histórica do BC para este indicador tem início em janeiro de 2005.

Em fevereiro de 2020, antes da pandemia da Covid-19, o endividamento das famílias somava 41,8%.

Ao mesmo tempo, a taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito subiu de 3,2%, em janeiro, para 3,3% em fevereiro deste ano. É a maior desde fevereiro de 2018 (3,4%).

Posição dos bancos
De acordo com interlocutores do sistema financeiro, as altas taxas cobradas no rotativo do cartão não são um tópico simples de ser resolvido. Eles dizem que o governo e os bancos ainda estão longe de chegar a soluções.

Mas afirmam que alguns caminhos estão no radar, como oferecer taxas mais acessíveis a devedores pontuais, que não são contumazes e que ficam pouco tempo no rotativo.

E também oferecer ao cliente, assim que ele entrar no rotativo, outras formas de pagar a dívida, para que ele não fique muito tempo nessa dívida tão cara.

Os representantes das instituições financeiras argumentam que dois motivos explicam o juro alto do cartão de crédito rotativo uma inadimplência muito alta, que se aproxima de 40%; e o fato de os consumidores poderem parcelar sem juros, algo que só existe praticamente no Brasil e que deixa o risco integralmente com o emissor do cartão.

Os bancos alegam que, tecnicamente, o mais correto seria cobrar juros nesse parcelado, mas reconhecem que politicamente é inviável – já que hoje mais de 70% das compras com cartão são parceladas. Isso teria um forte impacto no varejo e no consumo.

Questionado por jornalistas, o ministro Haddad afirmou que não será discutido com os bancos o parcelamento de compras no cartão de crédito. “Vamos discutir a taxa de juros que está sendo cobrada”, declarou.

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