Pesquisadores de várias instituições brasileiras, como o professor aposentado Alceu Ranzi, da Universidade Federal do Acre (Ufac), vivem, nos últimos dias, um dilema sem respostas definitivas – Os Incas, povo que habitava o Peru antes da chegada dos conquistadores espanhóis, desceram a cordilheira e estiveram no que seria o Brasil, na região amazônica?
A pergunta surgiu no meio acadêmico desde que, em Rondônia, foram encontradas, ocultas pela mata, duas cidadelas perdidas com idade estimadas em pelo menos de 700 anos, época que coincide com a expansão do Império Inca pelo menos 200 anos antes da chegada do conquistador Francisco Pizarro para pôr fim a uma das sociedades mais avançadas da América do Sul naquele período. As cidadelas abandonadas seriam fortes evidências da presença dos incas no Brasil, na Amazônia.
As cidadelas encontradas em Rondônia estão às margens do rio Guaporé. Cobertas pela selva, erguem-se as portentosas ruínas não de uma, mas de duas cidadelas esquecidas pelo tempo, constatam os pesquisadores.
As cidadelas têm área total de até 50 hectares, ocupados por dezenas de gigantescas muralhas com mais de 200 metros de circunferência. Ao todo, os arqueólogos da Universidade Federal de Rondônia – UNIR e do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP estimam que lá viveram muitos milhares de pessoas.
Os incas foram uma importante civilização pré-colombiana que desenvolveu um vasto império na região andina. O Império Inca estendia-se por territórios que atualmente correspondem à parte da Colômbia até o norte do Chile e Argentina. Os incas, assim como os astecas, constituíram uma civilização complexa notabilizada pela construção de um enorme sistema de estradas. Essa civilização desapareceu a partir da conquista realizada pelos espanhóis no século XVI.
A região andina, local onde se desenvolveu a Civilização Inca, era habitada por grupos humanos desde aproximadamente 4.500 a.C. e, antes dos incas, havia abrigado uma outra grande civilização conhecida como chavín, em torno de 900 a.C. e 200 a.C. Os incas (chamados de quéchua) dominavam a região de Cusco desde, pelo menos, o ano 1000, porém, a partir do século XV, iniciaram um processo de centralização e conquista territorial. Cusco em quéchua quer dizer algo como umbigo ou centro. Para os Incas, portanto, Cuzco era o centro do mundo.
O surgimento oficial do Império Inca aconteceu, segundo os historiadores, com o reinado do Sapa Inca (termo em quéchua para imperador) Pachacuti. Durante seu reinado, os incas iniciaram a conquista territorial da região andina, processo que foi continuado por outros imperadores incas.
Os incas conseguiram construir um império territorialmente muito vasto, que se estendia por mais de 4 mil quilômetros, desde parte da Colômbia até o norte do Chile e da Argentina. Os povos conquistados por eles eram obrigados a pagar impostos, e as regiões dominadas eram integradas ao império por meio da construção de estradas (os incas possuíram mais de 40 mil quilômetros de estradas), por ordem do Sapa Inca, e culturalmente absorvidas com o deslocamento de população quéchua para essas regiões.
O grandioso império dos incas era denominado por eles próprios de Tawantisuyu (o Império das quatro direções, em quéchua) e era dividido em quatro grandes províncias chamadas de: Império Inca (em quíchua: Tawantinsuyu, lit. “quatro partes juntas”) foi o maior império da América pré-colombiana. O centro administrativo, político e militar do império ficava na cidade de Cusco. A civilização inca surgiu nas terras altas do Peru em algum momento do início do século XIII.
O professor Alceu Ranzi, que viveu no Acre e hoje vive em Santa Catarina, como os demais pesquisadores, têm dúvidas se as ruínas encontradas em Rondônia foram mesmo construídas pelos Incas. Segundo ele, faltam cerâmicas e outros artefatos que possam permitir comparações com o que foi encontrado nos Andes e que é atribuído à cultura Inca.
Para Ranzi, é possível que povos ainda não identificados tenham vivido na Amazônia também. O mistério das construções em Rondônia devem se juntar aos aeroglifos encontrados no Acre e descobertos, nos anos 80, por Alceu Ranzi. São sulcos feitos na terra em desenhos geométricos, em círculos, quadrados, cuja finalidade ainda é desconhecida, assim como também que a civilização os construiu.