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Atingido pela enchente, restaurante Quintal do Osvaldo retoma atividades  

Por Tião Maia, do ContilNet

Foto Tião Maia, do ContilNet

Aos 55 anos de idade, mãe de quatro filhos já adultos e casados, dona Alcilene Queiroz Saadi, casada e moradora do bairro 6 de Agosto, é um desses seres humanos que nunca fumou, numa ingeriu bebidas alcóolicas e poucas vezes fez refeições fora de casa. Mas, apesar disso, ela é uma das pessoas que nos últimos dias mais torcem para que o “Bar e Restaurante Quintal do Osvaldo”, situado na rua 1º de Maio, na orla do rio Acre, na 6 de Agosto, retome suas atividades.        

A torcida de dona Alcilene pela volta do sucesso do empreendimento não é por acaso. É que, no auge do funcionamento do bar e restaurante, que foi atingido pela última enchente do rio Acre e depois de quase um mês de paralisação está voltando a funcionar ainda com as marcas da tragédia e dos prejuízos causados pela inundação, ela fatura entre R$ 200 a R$ 250,00 por semana, com a venda de sobremesas. Ela vende bombons caseiros de chocolate, amendoim, cupuaçu, graviola, abacaxi e outras frutas regionais.

Dona Alcilene fatura entre R$ 200 a R$ 250 por semana com a venda de sobremesas/Foto: Cedida

A venda no ambiente faz parte de uma parceria entre a vendedora e o dono do bar, o jornalista e agora empreendedor Osvaldo Gomes. “Enquanto meu marido (Janio Saadi) trabalha na eletrônica dele, eu ganho um dinheirinho aqui com a venda de doces”, conta. “Por isso, quero que o Bar e Restaurante logo volte a funcionar com força total para a gente voltar aos melhores dias de venda”, acrescenta.

Osvaldo Gomes conta que, desde que abriu o “Quintal”, logo fez parceria com moradores do bairro, a grande maioria seus amigos e vizinhos de 6 de Agosto, onde ele mora desde que veio do seringal, há quase 60 anos. Assim como dona Alcilene, outra vizinha vinha ganhando dinheiro no bar com a venda e suco, com faturamento acima de R$ 500,00 por semana. 

Osvaldo, proprietário do bar e restaurante/Foto: Cedida

Vinhos de maracujá, graviola, abacaxi e outras frutas regionais eram vendidos no ambiente por dona Marinete Paiva, a qual, no entanto, já adoentada, teve a doença agravada no mesmo período em que o bar foi inundado pelo rio Acre. “Estamos orando pela recuperação dela assim como sei que ela ora para que o nosso negócio seja restabelecido o mais rápido possível”, diz Osvaldo Gomes. 

Amigos do seu Osvaldo | Foto: Cedida

Depois de mais de mais de 20 dias de enchente, este é o primeiro final de semana de atividades no local. Mas ainda falta muito para que o “Bar e Restaurante Quintal do Osvaldo” volte a seus melhores dias. “O prejuízo foi muito grande. Mais de 30 mil, eu calculo”, disse Gomes. “Moro aqui há muitos anos, já vi muitas enchentes, mas não como esta última, que foi rápida e violenta. Eu vi que estava enchendo e comecei a subir as coisas que podia, quando vi um   freezer que estava perto de mim, cheio de cerveja e refrigerantes. De repente sumiu na correnteza”, contou.

Assim como o freezer, a correnteza levou móveis, eletrodomésticos, materiais e feira de produtos que seriam servidos no cardápio, além de animais vivos, como patos e galinhas, que eram mantidos num criatório para serem abatidos. Além do prejuízo financeiro, a enchente também causou danos, como a derrubada de paredes e outras obras físicas, além de ter enchido o ambiente com milhares de metros cúbicos de areia, que teve que ser devolvida ao rio no trabalho braçal. “Ainda bem que, quando começou a baixar o rio e que comecei a trabalhar na limpeza, de repente, vi chegar um monte de vizinhos, amigos e clientes que vieram me ajudar. Aí entendi que aqui não é apenas um Bar e Restaurante do nosso bairro”, disse Osvaldo Gomes.

Não é mesmo: é referência de trabalho para pelo menos 16 famílias da 6 de Agosto que antes viviam no desespero do desemprego. São garçons, cozinheiros, assadores de carne, trabalhadores  na limpeza e as parceiras na venda de sobremesa e sucos. 

Osvaldo contou com o apoio de amigos para tirar muita lama de dentro de seu estabelecimento/Foto: Cedida

“Minha folha de pagamento era superior a R$ 15 mil por mês”, conta Osvaldo. Além disso, todas as semanas o próprio Osvaldo distribuía pelo menos 350 litros de sopa de legumes às famílias mais pobres, aquelas com dificuldades para garantir a dieta diária. “Sei que  a distribuição de sopas é só uma pequena ajuda, que não resolve o problema. Mas, para quem tem fome, uma sopa quente e feita com carinho, ajuda a garantir a sobrevivência para o dia seguinte”, disse Osvaldo, que espera em breve voltar com a distribuição. “Eu sei que vou me recuperar e voltar àqueles dias bons”, disse, ao chamar de voltar os empregados essenciais, como as cozinheiras. A lavagem de louça e o serviço de garçom, por enquanto, são feitos pelo próprio Osvaldo nos dias pós-enchentes.

Mesmo com todos os prejuízos, Osvaldo Gomes não pensa em deixar o local ou trocá-lo por um ponto longe do rio e livre das enchentes. “Cresci aqui na beira do rio. Meus amigos e familiares, todos vivem aqui. Além de não ter para onde ir, sei que a enchente não acontece todo ano. Da última grande enchente para esta agora, demorou no mínimo anos. Dar para a gente aguentar”, disse, conformado. 

Veja como ficou o Quintal do Osvaldo depois que o Rio Acre baixou:

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