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Ton: Cuidando da capital, Bocalom perdeu o pai e a esposa — e nos ensinou uma lição preciosa

Por Ton Lindoso, ContilNet

Tião Bocalom visitando bairros de Rio Branco/É proibido a reprodução desta imagem sem o consentimento do ContilNet

Na madrugada de sábado (15) para domingo (16), o prefeito de Rio Branco Tião Bocalom perdeu seu pai, o seu João Silverio, aos 99 anos. Durante o exercício da profissão de prefeito, também perdeu a esposa, a dona Beth Bocalom.

Por trás dessa imagem de turrão, teimoso, tem um dos caras que mais trabalharam pela cidade. E que também tem família, coração e passa pelas dificuldades que todos passam, como encarar a dor da perda.

Enquanto recebia a mensagem dando conta da partida de seu pai, o prefeito também recebia informações sobre uma forte chuva que teria afetado moradores da capital. Imediatamente, determinou trabalho imediato das equipes e garantiu a inserção dessas pessoas no programa de moradias populares, além de solicitar aluguel social a todos.

“Você não está só. A prefeitura de Rio Branco está contigo”, disse um prefeito que acabara de perder o pai. Essa atitude ensina uma lição preciosa, a de nunca julgar um livro pela capa — muitas vezes uma coisa não tem nada a ver com a outra.

MAIS VALE

Eu sei a dor de ser atacado no exercício da profissão, claro que nunca fui atacado como o prefeito. Mas algo que aprendi é que mais vale ser atacado por fazer o certo — levando consigo o prazer da missão cumprida — do que se livrar dos ataques fazendo coisas erradas — levando consigo um imenso vácuo.

CONDOLÊNCIAS

É por essas e outras que eu nunca, mas nunca, fiz parte do time dos que atacam Bocalom. E tenho muito orgulho disso. Minhas condolências ao prefeito e familiares.

ATÉ SÁBADO

60 bairros atingidos pelos igarapés e Rio Acre. A prefeitura atendeu quase 18 mil famílias na cidade; quase 8 mil famílias cadastradas na zona rural; 27 comunidades rurais isoladas que foram atendidas com ajuda dos helicópteros do governo do Estado.

NÚMEROS DA PREFEITURA

Só a prefeitura já distribuiu: mais de 12 mil sacolões e mais de 3.000 colchões; mais de 8 mil kits de limpeza; mais de 10 mil fardos e galões de água mineral. Na parte de limpeza, a prefeitura tem 150 máquinas e 600 homens nas ruas. Esses são os números da operação deflagrada na enchente.

O RETRATO

Contratar um show de R$ 300 mil enquanto ruas estão esburacadas, obras de creches estão paralisadas e faltam recursos nos lugares essenciais é o reflexo da maioria das cidades do Acre. Rodrigues Alves fez apenas o favor de ilustrar.

REFORMA

A prefeita Rosana Gomes (Progressistas-AC) promete uma reforma administrativa para os próximos dias. Vai separar o joio do trigo. Faz bem.

MUITA COISA

Ouvi de uma importante figura, que tem portas abertas no gabinete da prefeita de Senador Guiomard, que os últimos fatos serviram como lição, e que muita coisa vai mudar. “Pode esperar muitas mudanças surpreendentes”, disse a figura com sangue nos olhos.

ISRAEL MILANI

Eu conhecia o ex-secretário Israel Milani apenas de longe, de frequentar as agendas governamentais como jornalista e lá encontrá-lo enquanto secretário da pasta de Meio Ambiente, que aliás cuidava muito bem. Nessa enchente, conheci um Israel diferente. Que não parou um minuto sequer de trabalhar. Que deu força e sustentação à prefeita Fernanda Hassem, que além de lidar com a tragédia da cidade, teve que lidar com as tragédias pessoais, ao ver sua casa alagada, e a casa de seus pais também. E que, a exemplo de muitos gestos simples, porém nobres, empurrou barcos com equipes dentro, inclusive com esse jornalista que vos fala.

OUTRA FORMA

Em um dos muitos episódios marcantes, Israel passou um tempo conversando com uma família atingida, conscientizando de que a melhor escolha seria ir para um abrigo da prefeitura, perguntando se havia comida, bebida e retornando momentos depois com mantimentos para toda a família. Seria um fato corriqueiro, se aquela não fosse uma família de críticos ferrenhos da atual gestão municipal. Com certeza, graças ao cuidado de pessoas como o Israel, tiveram a oportunidade de olhar a gestão com outros olhos.

UM DOS POUCOS

Eu sei que minha profissão é técnica, mas, ao trabalhar com pessoas, desde o início de minha trajetória, eu tive a sorte e a benção de Deus de poder escolher com o coração, jamais por necessidade de trabalhar. Israel é um dos poucos nomes que, se quisessem ser prefeitos de uma cidade nas próximas eleições, eu trabalharia com gosto.

BATE-REBATE

Boa semana!

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