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Artigo: omissão da justiça a faz mantenedora do racismo no Brasil

Por Jackson Viana, ContilNet

O Brasil, país continental sul-americano, considerado uma das maiores potências econômicas do planeta, sofre com um nocivo problema que tem lhe feito perder a posse de bola sempre que avança veloz para marcar um gol. Talvez essa analogia possa ser mais familiar para uns do que para outros, mas, indiscutivelmente, quem é brasileiro sabe bem do que estou falando.

Para quem já foi reconhecido como o país do futebol, nossa nação tem sido um péssimo exemplo para as demais em se tratando de nossas torcidas, pois, a partir delas, expele-se no eco dos campos a maior tristeza de nossa sociedade, escancarando, para inglês ver, a realidade de nossos íntimos escárnios, sem direito a qualquer maquiagem diplomática que se queira fazer.

O preconceito é sempre líder no ranking geral dos males que mais nos assolam, e o racismo, que não conseguiu ser abolido junto com a escravidão, resiste nas entranhas dos organismos como um vírus letal que ataca nossos princípios éticos e morais, ferindo os nossos direitos humanos, e levando à óbito, como fatalidade, qualquer resquício de humanidade que ainda nos resta.

Guardada nas estantes das bibliotecas quase que como uma literatura de fantasia, a legislação brasileira não consegue ser cumprida à risca, e seus mandamentos não são absolutos, mas sim relativos, pois dependem da relevância da vítima ou da dimensão do poderio do réu para que a lei seja cumprida.

Já a justiça, quando feita, não tem servido de estanca para a consecução desses crimes, que passam despercebidos, com certa recorrência, em milhares de cifras ocultas do nosso cotidiano.

Pensar em resolver os problemas que nos afligem enquanto país, sem antes liquidar a fatura do preconceito, que cresce a soma de juros, é como tentar subir uma serra com o freio de mão puxado. Nenhuma conquista social será válida para o nosso desenvolvimento humano no Brasil enquanto a igualdade entre nós não for entendida, reconhecida e respeitada por todos.

Estampa-se no racismo uma degradação moral que o Brasil carrega, com certo apego, ao longo de cinco séculos, e que, sem sem sombra de dúvidas, a omissão da nossa justiça tem sido a senhora mantenedora desse infortúnio, desse escárnio, desse vitupério…

Perceber que o preconceito racial resiste entranhado nas nossas classes sociais, em todos os níveis e formas do passado, exige-nos perceber também que muitas das medidas que tomamos ao longo dos anos foram meros paliativos para uma dor que não cessa e uma ferida que não cura.

Precisa-se de JUSTIÇA no Brasil de agora. O racismo não é um comportamento para ser repensado, mais do que isso, é um crime a ser combatido. Enquanto a mão da justiça não se ergue contra o preconceito, há uma mão raivosa que ainda nos açoita, por culpa da sua leniência e da sua OMISSÃO.

Concluo com uma frase de Benjamin Franklin “a justiça nunca será feita até aqueles que não foram afetados se indignarem como os que são”.

– Jackson Viana é Escritor, Poeta, autor de três livros, presidente-fundador da Academia Juvenil Acreana de Letras (AJAL), Embaixador da Região Norte na Brazil Conference at Harvard & MIT e Embaixador Mapa Educação 2023.

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