Diante de ministro, mulher trans que vive nas ruas de Rio Branco chora

Durante a reunião, Michele da Silva Sales, mulher transsexual, compartilhou parte de sua história e se emocionou

Nesta sexta-feira (26), a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) sediou uma audiência pública que tratou sobre a população em situação de rua na capital do Acre, Rio Branco. O objetivo do encontro foi debater a questão e, para isso, participaram membros do sistema de Justiça, de saúde, direitos humanos e representantes do movimento de pessoas em situação de rua.

Durante a reunião, Michele da Silva Sales, mulher transsexual, compartilhou parte de sua história e chegou a se emocionar enquanto falava. Ela é parte da população em situação de rua e traz também visibilidade para a causa das pessoas LGBT que também vivenciam esse cenário, e são vitimas de múltiplas violências.

Michele da Silva Sales, mulher transsexual, compartilhou parte de sua história/Foto: Reprodução

“Eu não aceito falar só sobre morador de rua. E as trans que moram na rua, também?! Somos ser humano, meu amor. Somos vida. Não é que somos assim porque nós queremos, a gente já nasce. Cadê nosso apoio?! É nosso direito, eu só quero meus direitos. A minha vida é o álcool, esqueço todas as dores, nunca tive apoio da minha família, fui expulsa de casa com 13 anos de idade”, disse Michele.

A deputada Michele Mello, autora do requerimento da audiência pública, agradeceu pelas palavras e pela coragem em ir até a Aleac compartilhar um pouco de sua percepção. Além disso, disse ser uma ocasião excepcional.

“É a primeira vez que colocamos as pessoas em situação de rua dentro da Assembleia Legislativa e esperamos que daqui saiam soluções eficazes para realidade que eles vivem”, ressaltou.

A agenda também contou com a presença do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Reynaldo Soares da Fonseca, que destacou que é importante esse tipo de debate.

“As pessoas que estão em situação de rua precisam ser ouvidas dentro do aparelho estatal para que digam claramente o que querem e o que precisam dentro do estado e a sociedade, como um todo, se responsabilize pela mudança desse estado de coisas, porque o acesso aos direitos fundamentais é acesso de todos, não é um acesso exclusivo de José, João e Maria, mas de toda a comunidade. Portanto, estamos aqui como representante do comitê nacional do Conselho Nacional de Justiça, que trata desse tema, para apoiar esse iniciativa do estado do Acre”, concluiu.

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