Editorial: caso de racismo no Acre nos convoca à urgência de construir uma educação antirracista

Quase nada nesse mundo é tão destrutivo, perverso e inconcebível quanto o racismo

Lamentavelmente, a mesma violência que atingiu, cruelmente, o atacante Vinicius Junior – chamado de macaco por parte da torcida durante uma partida de futebol, na Espanha -, também foi registrada no Acre.

Um estudante que jogava na quadra de uma escola de Rio Branco, na última sexta-feira (26), foi vítima de racismo por outros alunos que estavam na arquibancada. Além de ser xingado com diversos palavrões pelos colegas, o garoto foi chamado de “macaco” por um grupo que fazia a palavra ecoar a uma só voz no espaço esportivo. O caso ganhou nota de repúdio por parte da Secretaria de Educação, Cultura e Esportes (SEE) e foi parar no Ministério Público do Acre (MPAC).

Foto: Ilustração

Quase nada nesse mundo é tão destrutivo, perverso e inconcebível quanto o racismo. Suas consequências vão desde sofrimentos agravados até o encarceramento em massa e assassinatos constantes que entram para as estatísticas e anuários.

Que fique claro: o Brasil, que foi o último país do Ocidente a abolir a escravidão de corpos negros – e só para inglês ver -, permanece com números desastrosos quando o assunto é racismo. Por aqui, a população negra é a mais afetada pela desigualdade e pela violência; enfrenta mais dificuldades na progressão da carreira, na igualdade salarial e tem sido a mais vulnerável ao assédio moral e ao homicídio (ONU).

O que temos, a partir dessas cenas que deveriam ser extintas do nosso imaginário e da realidade, é um processo de amnésia nacional sobre racismo – como diz Lilia Schwarcz; a inexistencia de educação que está longe de ser antirracista, republicana e libertadora; e a instauração de uma mentalidade racista que distrói qualquer horizonte de futuro.

O que precisamos: destruir a desigualdade racial; ler e instituir nas bases curriculares autores negros que contribuem para a luta antirracista, como Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro, Sílvio Almeida, Carolina de Jesus, Sueli Carneiro e tantas outras sumidades.

Duas questões muito importantes: não podemos tolerar intolerância (Rita Von Hunty); e, numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista (Angela Davis).

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