A foz do rio Amazonas pode vir a ser a nova fonte de atritos entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva. A acreana deixou o governo Lula em seu segundo mandato após seis anos como ministra por divergências com a então ministra Dilma Rousseff e, principalmente, com Lula por discordar de sua pauta ambiental. O problema parece voltar neste terceiro mandato.
No domingo (21), Lula sinalizou que pode contrariar a ministra e tomar partido em favor da ala desenvolvimentista do governo para autorizar a exploração de petróleo no Rio Amazonas pela Petrobras. “Acho difícil ter problema em explorar petróleo a 500km da Amazônia”, afirmou o presidente em coletiva de imprensa no Japão.
A Amazônia não deve ser transformada em um santuário, ressaltou Lula. “Quem mora na Amazônia tem direito a ter os bens materiais que todo mundo tem”, avaliou o presidente, em posição divergente do que defende o Ibama e a própria ministra.
Marina Silva, em entrevista anterior, afirmou que o processo de exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas é “muito complexo” e que a última palavra caberá ao presidente do Ibama, o ambientalista Rodrigo Agostinho. “O Ministério do Meio Ambiente não dificulta nem facilita, ele cumpre o que está na lei”, disse Marina, em entrevista concedida à GloboNews. Ela afirmou que a exploração de novas jazidas não se muda “por decreto”. “É um processo muito complexo”, justificou a ministra.
Em Brasília, já há informações de que Marina Silva está em rota de colisão com o único senador de seu Partido, o Rede Sustentabilidade, Randolfe Rodrigues, por causa da possível exploração petrolífera no Amazonas. Senador pelo Amapá, estado que seria beneficiado caso o projeto se concretize, vem criticando o Ibama por parecer contrário à proposta, e estaria disposto inclusive a deixar o partido de Marina Silva caso a ideia não vingue. Rodrigues é crítico ao Ibama por proibir extração de petróleo na foz do Amazonas.