A relação que parece ter ficado tensa entre a ministra do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas, Marina Silva, e o presidente Lula tem sido destaque nos principais jornais do Brasil. Um dos motivos tem a ver com a licença para a Petrobras perfurar poço de petróleo no litoral do Amapá.
O presidente chegou a dizer “achar difícil” que haja esse impacto para o meio ambiente. A acreana, por sua vez, disse que a decisão foi “técnica”.
Outra questão que tem sido polêmica é a medida provisória que propõe a retirada de uma série de instrumentos ambientais da pasta comandada por Marina no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tomou decisões semelhantes, priorizando o agronegócio e outros setores em detrimento da fiscalização ambiental.
A proposta do deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) também defende que as demarcações de terras indígenas migrem do Ministério dos Povos Indígenas para o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Ainda nesta quarta-feira (24), Marina defendeu que as mudanças são uma tentativa de “implementar o governo Bolsonaro no governo Lula”.
Para a jornalista Renata Lo Prete, do O Globo, o assunto, apesar de causar ruído no governo todo, é mais danoso para o presidente Lula.
“O eventual isolamento da Marina, nesse caso da exploração de petróleo na costa amazônica ou em outro, como nessa reestruturação do governo que está lá pentende de decisão no Congresso, tudo isso tende a custar mais caro politicamente para Lula, aqui e, principalmente, no exterior”, diz.
Lo Prete ainda relembra o histórico de embates entre Marina, Lula e o próprio Partido dos Trabalhadores (PT).
“Quando foi ministra do outro governo Lula, Marina Silva ganhou algumas batalhas, perdeu outras, até sentir que tinha perdido a guerra e, daí, ela deixou não só o governo, como o PT. Portanto, divergência entre Marina e Lula, ou entre Marina e outros ministérios, não chega a ser novidade”, relembra.
“A questão é que, desta vez, Lula se elegeu fazendo um contraponto radical ao governo anterior em tudo e, muito especialmente, na questão ambiental, na qual o filme do Brasil estava para lá de queimado”, completa Lo Prete.