Sob chuva fraca, fãs passam madrugada na fila do velório de Rita Lee para se despedir da cantora
Por G1
Os primeiros fãs chegaram por volta das 5h e aguardavam na fila, sob chuva fraca, a abertura do velório de Rita Lee.
A despedida da cantora ocorre nesta quarta-feira (10), no planetário do Parque Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo, onde seu corpo será velado. A cerimônia será aberta ao público das 10h às 17h.
Uma das primeiras a chegar no local, a estudante Gabriela Kohatsu falou sobre a representação de Rita Lee, especialmente para as mulheres.
“Acho que ela significa muitas coisas para a arte, para o Brasil e, principalmente para nós mulheres. Eu acho que ela move”, disse a estudante, Gabriela Kohatsu.
Soraia Abras tem 57 anos. Ela é fã da Rita Lee desde jovem e se inspira na música dela e no vestuário. O primeiro show que participou da Rita foi no Rock in Rio. “Rita vai estar sempre no nosso coração, sempre viva”, desabafou.
Conforme desejo de Rita seu corpo será cremado. A cerimônia de cremação será reservada aos familiares e amigos.
Durante o velório, o teto do planetário do Ibirapuera vai exibir uma projeção com imagens do céu do dia 31 de dezembro de 1947, data em que a artista nasceu.
A jornalista, Teca Gandara, chegou a se emocionar a falar sobre a cantora. “Ela foi incrível. Eu acho que foi a força de todo mundo, a força que uniu muita gente e não tem como não vir se despedir nesse último momento dela”.
‘Floresta encantada’
Em sua primeira autobiografia, “Rita Lee — uma autobiografia”, publicada em 2016, a cantora escreveu um capítulo sobre a relação que tinha com o local que veio a se tornar o Parque Ibirapuera, chamado pela artista de “floresta encantada”: um lugar ideal para montar um pequeno acampamento e realizar piqueniques aos domingos.
Na obra, a cantora também imaginou como seriam os minutos após sua morte. E, ao longo das nove linhas que escreveu sobre este momento, ela aproveitou para advertir os políticos:
“Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los”.
Segundo a cantora, as visitas ao local eram realizadas em grupo formado por seis mulheres. Cada uma escolhia uma árvore ou planta para cuidar, retirando folhas secas e ervas daninha. Elas também plantavam pés de frutas, verduras e legumes nas redondezas do parque.
Coroa de flores no Ibirapuera — Foto: Reprodução/TV Globo
Ao relembrar a inauguração do parque, em comemoração aos 400 anos da capital paulista, Rita menciona que “o sonho acabou” — suas pequenas hortas foram destruídas, e a floresta deu lugar ao asfalto, cimento e “construções de gosto duvidoso”.
O pai da cantora teria desaprovado a intervenção no espaço e se recusado a comparecer à festa de inauguração.
Ainda assim, o Parque Ibirapuera seguiu como um local marcante na vida de Rita, sendo mencionado diversas vezes aos longo dos capítulos do livro.
No capítulo intitulado “Mutatis Mutandis”, Rita Lee conta que ia toda semana ao planetário do Ibirapuera, era seu “must semanal”, visita que era sucedida por uma banana-split na lanchonete próxima.