‘Velozes e furiosos 10’ é o pior da série mesmo com melhor vilão e 4 ganhadoras de Oscar

O novo filme estreia nesta quinta-feira (18)

O melhor vilão de toda a franquia, vivido por Jason Momoa (“Aquaman”), e a inclusão de duas novas ganhadoras de Oscar – a um elenco que já tinha outras duas – não impedem que “Velozes e furiosos 10” seja um grande desastre.

O novo episódio da série estrelada por Vin Diesel e sua “família” estreia nesta quinta-feira (18) nos cinemas brasileiros como o pior dos onze filmes até aqui – dez da história central, um derivado.

E olha que não é algo fácil, já que as aventuras nunca foram conhecidas exatamente por sua grande qualidade narrativa. Mas “Velozes e furiosos 10” abandona de vez qualquer tentativa de coerência.

No lugar de um roteiro, prefere somente um apanhado de cenas de perseguição de carros com explosões e tiros intercaladas por pancadarias, frases de efeito mal escritas e propagandas de cerveja. No fim, quase abre mão de ser um filme para se tornar algo mais próximo de uma sequência de esquetes.

Nada que não tenha funcionado no passado, para ser justo. A transição absurda de ladrões de bom coração em super espiões quase imortais ressoou com o público e arrecadou mais de US$ 6,6 bilhões desde 2001.

No entanto, as quedas seguidas nas últimas duas bilheterias já sinalizavam um tanque na reserva (por mais que “Hobs & Shaw” seja um injustiçado).

De acordo com o próprio Diesel, “Velozes e furiosos 10” – que deveria sim ter recebido o título de “Velozes e fur10sos” – é o começo de uma despedida da série, uma parte 1 do que pode chegar a ser uma trilogia em si. Infelizmente, talvez não seja exatamente o que os fãs, e o próprio ator, gostariam.

Novatos em perigo
O novo filme mais uma vez revisita e reescreve um capítulo anterior. O escolhido da vez é “Velozes e furiosos 5: Operação Rio” (2011). Sim, aquele mesmo que se passa no Brasil.

Parece que esse tempo todo o vilão daquele filme tinha um filho escondido, que na verdade sempre esteve ali ao lado do pai. O público que não tinha visto, em uma espécie de “gaslight” cinematográfico.

O rapaz interpretado por Momoa obviamente busca vingança, e decide que todas as pessoas que já ajudaram – ou até enfrentaram, provavelmente – o protagonista e sua turma são alvos.

O ator claramente se diverte no papel de um maníaco sem freio e o personagem é de longe a melhor coisa que o filme tem a oferecer. Sua natureza indomável e psicopata não combina tanto com o formador de planos meticulosos que às vezes toma conta, mas ele não deixa de ser uma novidade bem-vinda.

Especialmente em uma franquia dominada por antagonistas bidimensionais e rasos, apresentados apenas para se tornarem aliados no episódio seguinte.

Uma pena que Momoa seja o único calouro a receber um papel digno. As outras novatas, que completam um quarteto de ganhadoras de Oscar com as já estabelecidas Helen Mirren e Charlize Theron, não conseguem salvar participações no mínimo tristes.

Rita Moreno (“Amor, sublime amor”) recebe o monólogo cansado e clichê sobre a família e a importância de um “legado” – algo introduzido à mitologia da série para ressaltar o destaque dado ao filho de Dom (Diesel).

Foto Filme

Brie Larson (“Capitã Marvel”) talvez seja submetida às piores cenas de todo o filme, tão aleatórias que parecem até pertencer a algum outro tipo de franquia. Talvez a mudança de diretor – Justin Lin deu lugar a Louis Leterrier – ainda na primeira semana de filmagens explique algo.

Vai de táxi
Se ao menos os problemas ficassem limitados à atriz, o filme ainda teria uma chance. Mas tudo parece sem coesão, mal planejado, pouco refinado ou tudo isso ao mesmo tempo.

O roteiro de Lin com Dan Mazeau, que só tinha o pavoroso “Fúria de Titãs 2” (2012) no currículo, parece mais aquelas redações que os autores esqueceram de reler ao final.

Decisões sem sentido, grandes batalhas que ninguém parece ouvir do outro lado de uma porta simples, sequências inteiras que existem apenas para justificar alguma participação especial não tão especial assim.

“Velozes e furiosos 10” tem duas horas e 21 minutos disso – mas não espere alguma explicação sobre a ausência de Brian, um dos protagonistas que era interpretado por Paul Walker até a morte do ator, em 2013.

Ele se aposentou depois que teve filho, sim, mas por que então sua mulher (Jordana Brewster) continua a aparecer? Ninguém sabe, mas toma aí mais uma explosão.

Até os absurdos, que sempre atraíram multidões, parecem mais cansados que empolgantes. Em “Velozes e furiosos 9” (2021), eles foram ao espaço sideral. De alguma forma, ver dois helicópteros de guerra derrotados na força do ódio (leia: óxido nitroso) já não basta mais.

PUBLICIDADE