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Acreana denuncia falta de médicos para cirurgia de reconstrução mamária na rede pública

Por Suene Almeida, ContilNet

A historiadora Iri Nobre, faz tratamento contra um câncer de mama desde março de 2023, quando descobriu um nódulo no seio direito. Em aproximadamente 20 dias ela terá que passar por cirurgia para retirada de parte da mama, na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), em Rio Branco, no entanto, agora, a paciente luta para conseguir o direito de fazer a cirurgia de reconstrução mamária imediata.

De acordo com a Lei Estadual n° 3.358, de 19 de dezembro de 2027, pacientes com neoplasia maligna (câncer) têm direito à cirurgia reparadora, oferecida de forma gratuita pelos serviços públicos de saúde. Iri Nobre relata que procedimento deveria ser realizado no momento da cirurgia para retirada do nódulo, porém, foi comunicada que não poderá fazer a reconstrução, pois o hospital, além de não ter os materiais necessários, não tem um profissional para realizar a cirurgia.

Iri Nobre relata que procedimento deveria ser realizado no momento da cirurgia para retirada do nódulo. Foto: Reprodução das Redes Sociais

Por conta disto, a paciente teria que entrar em uma fila de espera para realizar o procedimento posteriormente. “A falta da prótese é apenas um ponto, o outro é a falta de um cirurgião plástico para resolver casos como o meu, pois eu não faço questão nenhuma de prótese, eu só quero que meus peitos fiquem iguais, que se chama simetrização das mamas”, destaca.

O dilema vivido por Iri Nobre não é diferente do vivido por outras mulheres que passam pela cirurgia de retirada de mama e não conseguem realizar o procedimento de reconstrução. “A minha luta deixou de ser individual, quantas mulheres passam por isso? Deixou de ser uma causa individual no dia seguinte ao saber da notícia. Eu quero ter meu direito assegurado no ato da cirurgia de retirada do nódulo. Entendo como cura não só a assertividade do diagnóstico, e no tratamento, como ter também a reconstituição mamária como manda a lei”, desabafa.

Após a cirurgia, a historiadora conta que terá que passar por quimioterapia e outras terapias, para as quais precisa estar bem psicologicamente. Ela questiona como uma mulher poderá se sentir bem para enfrentar um longo tratamento como este, se seu direito assegurado por lei não está sendo exercido.

A reportagem do ContilNet entrou em contato com a gerente geral do Unacon, Kelcy Araújo, que explicou a situação que a unidade vem enfrentando para adquirir materiais que possibilitem a retomada dos procedimentos:

“Estamos tentando adquirir os materiais, no entanto ficou prejudicado o pregão. Tanto o material, quanto os profissionais, são ofertados pela Fundação Hospital do Acre (Fundhacre), só que é muito difícil fazer estas aquisições, pois os fornecedores não tem interesse em vender para o estado”, diz.

A gerente destaca, também, que a instituição reconhece que a cirurgia plástica é um direito das pacientes e aconselha que as mulheres interessadas procurem a judicialização, para tentar garantir o procedimento:

“A Sesacre e a Fundhacre estão tentando adquirir os materiais, mas não estão obtendo sucesso. Então aconselhamos que as pacientes busquem uma maneira mais rápida, que é a judicialização, pois é um direito delas e a justiça vai garantir isso”, ressalta.

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