As pautas voltadas à melhoria da qualidade de vida dos nossos jovens são sempre uma causa nobre a ser defendida. Sua relevância é tamanha que na maioria dos discursos políticos de grande parte dos parlamentares essa é uma das principais bandeiras vigorosamente levantadas, ano após ano, mandato após mandato. Vão-se os personagens; ficam-se os discursos, aposentando-se nas mesmas realidades.
Defender melhoria da qualidade de vida da juventude engloba o avanço de muitos setores da vida social, que vão desde a educação até a economia, como gerar postos de trabalho para que sejam colocados em prática os conhecimentos adquiridos ao longo da infância, dando início à vida adulta.
A legislação considera como jovens as pessoas de 15 a 29 anos de idade, e esse período, provisório, pelo qual todos passamos, definirá muitos fatores e resultados colhidos dali em diante. Apesar de ser a vida um intenso aprendizado, não há como questionar que essa fase é principalmente a que molda o caráter de um cidadão, para formação dos princípios que lhe ajudarão na sua missão natural de – na melhor das hipóteses – melhorar o mundo.
Naturalmente associada aos movimentos de massa, a juventude foi utilizada ao longo dos anos como mera mobilizadora de números, formando grandes levantes para defesas de pautas financiadas por interesses que, diga-se de passagem, são liderados por outras gerações.
A expressão relevante de lideranças jovens em uma campanha eleitoral, por exemplo, é indicativo de grande adesão popular àquela chapa e contribui com o seu direcionamento à vitória. Passados os períodos eleitoreiros, os movimentos de juventude perdem sua estima diante dos novos projetos de políticas públicas. Os eleitos escolhem um ou outro espelho figurativo para constar que naquele projeto reside uma preocupação com a causa, e relega todo o restante ao abandono e ao descaso completo. Voltam-se os jovens às filas do desemprego, ao analfabetismo informal e, por conseguinte, à criminalidade.
Talvez a chegada da vida adulta faça com quem percamos cada vez mais o interesse pelas aspirações juvenis, e preocupar-se com a juventude é um interesse muito aquém de quem alcança o poder. Todavia, preocupar-se com a sociedade no geral significa entender que nela coexistem diferentes gerações que precisam passar de maneira saudável por suas fases, desde a infância até a velhice, e que cada camada dessas gerações precisa ser acolhida de oportunidades que lhe garantam qualidade de vida. Nisso, está enraizada a preocupação que se deve ter com a juventude.
Deixá-la enveredar pelo caminho da criminalidade, seja por falta de oportunidade ou, simplesmente, por falta de orientação educacional, é um grave desserviço a uma nação, que pode e deve incentivar os jovens em seus potenciais vocacionais, e pode explorar (no bom sentido da palavra) os seus talentos e conhecimentos para ajudar a alavancar o país, com destaque para o domínio da ciência e da tecnologia – o mundo digital do qual são nativos –, trazendo resultados positivos para nossa economia.
Qualquer política pública que coloque o jovem apenas como usuário de equipamentos de lazer e não lhe ofereça oportunidades de qualificação e de postos de trabalho, pouco contribui para o desenvolvimento do país e para a formação de uma geração de pessoas que precisam derrotar muitos vilões do nosso progresso social – como a corrupção e a criminalidade.
A juventude tem vida pregressa limpa que lhe outorga confiabilidade para criar uma sociedade diferente. Quem é aliado do progresso sem ser aliado da juventude, torna-se tão amigo do engodo o quanto da mentira, e enterrará sua história no passado, assim que o futuro vier bater, ansiosamente, à nossa porta.
– Jackson Viana é Escritor, Poeta, autor de três livros, presidente-fundador da Academia Juvenil Acreana de Letras (AJAL), Embaixador da Região Norte na Brazil Conference at Harvard & MIT e Embaixador Mapa Educação 2023.