Pela primeira vez, desde que foi preso no dia 20 de janeiro acusado de estuprar uma jovem de 23 anos dentro do banheiro de uma boate na Espanha, Daniel Alves deu uma entrevista. De dentro da cadeia, o jogador falou com o jornal La Vanguardia. Ele deu sua versão do que aconteceu naquele fatídico dia, desculpas para a esposa, Joana Sanz e ainda disse perdoar a moça que fez a denúncia contra ele.
Logo de cara, o atleta afirmou que a mulher que chamou a polícia foi incentivada: “Bem, não importa quantas vezes eu pense sobre isso, eu também não sei. Ocorre-me que há alguém que lhe deu um mau conselho. Que ela se sentiu mal depois de fazer isso, que deu um passo à frente e que não sabe mais como sair da confusão em que se meteu e na qual me meteu”, afirmou ele.
Em seguida, ele mandou um recado para a jovem: “Apelo à sua consciência. Não houve uma única noite em que eu não dormisse em paz. Nem uma única noite. Estou com a consciência tranquila. Eu nunca machuquei ninguém intencionalmente. E nem ela naquela noite. Não sei se ela está com a consciência tranquila, se dorme bem à noite. Mas eu a perdoo”, declarou ele.
Ainda durante a conversa com o jornalista, Daniel Alves contou como foram os momentos após sair do local onde teria acontecido o estupro: “Naquela manhã, quando a mulher com quem tenho um problema sai do banheiro atrás de mim, fico um pouco ao lado da mesa […] Estou com meu amigo Bruno e outras pessoas me abordam antes de eu sair. Quando saio da discoteca pelo corredor de saída, fiquei sabendo pelas imagens que passo perto de onde a mulher está chorando. Eu não a vi”, disse ele, antes de completar:
“Se eu a tivesse visto chorar, teria parado para perguntar o que estava acontecendo. Se alguém responsável pela discoteca me pedisse para me esperar porque uma jovem alegou que eu a tinha agredido sexualmente, eu não iria para casa. Nessa mesma noite apareceria numa delegacia para esclarecer o sucedido”, pontuou.
Na sequência, o jogador relatou como conheceu a jovem: “Chegamos à Sutton [boate], à mesa que frequentemente nos era atribuída e, como sempre, o responsável pelo VIP nos abordou e perguntou se queríamos conhecer umas mulheres. Isso sempre acontecia quando eu não estava com minha esposa. Eu disse que sim e duas garotas se aproximaram primeiro. Mas nos incomodou que elas quisessem tirar fotos. Pedimos para sair. Nesse momento, três jovens passaram por nossa mesa e olharam para nós e nós também [olhamos]. Elas estavam com alguns mexicanos, que me reconheceram. Elas não paravam de olhar para nós. Pedimos ao garçom que perguntasse se elas queriam vir. E elas vieram. Tomamos champanhe e nos oferecemos para pedir o que quisessem. A senhora com quem tive o problema começou a dançar bem perto de mim. Eu não me afastei”.
O atleta deu sua versão para o que aconteceu dentro do banheiro: “Lá em cima [no VIP] é um espaço sem privacidade, tudo é aberto e sou casado. Fui primeiro ao banheiro e, depois de um tempo, pensei que ela teria mudado de ideia e não entraria mais. Estava demorando muito. Eu já estava saindo pela porta quando a vi se aproximar. Dei um passo para o lado, ela passou por mim e entrou no banheiro. Eu entrei atrás. Eu nem tranquei a porta. Ela sabia que Bruno [amigo de Daniel Alves] estava do lado de fora esperando que ninguém entrasse. Meu amigo sabia o que estávamos fazendo”, comentou.
A respeito das denúncias da moça de que tentou parar o ato e não conseguiu, Daniel foi taxativo: “Nada disso é verdade, mas é ela com sua consciência. Ela nunca me disse para parar. E também não fez nenhum gesto de querer ir embora. A porta ficava aberta o tempo todo, ela poderia ter saído porque eu estava sentado praticamente o tempo todo no vaso sanitário. Não sei quando ela tocou nesses lugares [onde digitais foram encontradas], mas nenhum desses movimentos que ela disse que eu a forcei a fazer é verdade. E o arranhão é por ter permanecido de joelhos. Não há uma única marca em seu corpo que explique a violência com que ela diz que a movi no banheiro”, defendeu-se.
Daniel Alves também foi questionado sobre as diversas versões que ele apresentou em seus depoimento. E justificou: “Se alguém já amou de verdade, se conheceu o amor verdadeiro como eu, saberá que para manter esse amor, faz-se qualquer coisa. E eu menti. Tive medo de perder a Joana e por isso menti. Lutei desesperadamente para salvar meu casamento da infidelidade, independentemente das consequências que estou pagando”.
E pediu perdão à modelo, com quem ainda é casado: “A única pessoa a quem tenho de me desculpar é a minha mulher, Joana Sanz. A mulher com quem me casei há oito anos, com quem ainda sou casado e espero viver com ela por toda a minha vida. Já pedi perdão pessoalmente a ela aqui, na prisão, mas devo fazê-lo publicamente, porque a história é pública, a ofensa é pública e ela merece essas desculpas públicas. Foram, estão sendo e serão dias muito difíceis para ela”.