A cidade de Campinas, no interior de São Paulo, vive um surto de febre maculosa, com a confirmação de quatro mortes provocadas pela doença e outros dois casos em análise. Todas as pessoas infectadas participaram de um evento na Fazenda Santa Margarida, apontada como foco do surto.
A doença é transmitida pela picada do carrapato-estrela ou carrapato micuim que esteja infectado por bactéria do gênero Rickettsia. Embora não exista vacina contra a febre maculosa, ela pode ser prevenida com uma medida simples: o uso de repelentes em locais de vegetação.
Mas não é qualquer repelente. De acordo com o médico Carlos Levischi, do Hospital Albert Einstein e especialista em febre maculosa, o produto deve conter DEET (nome químico para N,N-dietil-meta-toluamida) na fórmula.
“Para a proteção contra carrapatos, é importante que os repelentes contenham DEET. Eles devem ser aplicados em toda a pele e renovados de acordo com as informações do fabricante”, afirma Levischi.
Produtos com o ingrediente podem ser usados em adultos, crianças e bebês com mais de 2 meses de idade. O Centro para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos recomenda que adultos apliquem o produto em qualquer criança menor de 10 anos, evitando a região das mãos e ao redor dos olhos e boca.
O DEET é encontrado em inseticidas nas versões líquidas, loções, sprays e materiais impregnados, como pulseiras. Eles podem ter concentração variando de 4% a 100%, valor que indica por quanto tempo o produto será eficaz. Ou seja, quanto mais DEET na fórmula, mais longo será o efeito repelente. No entanto, quantidades acima de 50% não fornecem proteção adicional.
“Uma concentração maior não significa que o produto funcionará melhor, e sim que será eficaz por um período de tempo mais longo. Portanto, produtos contendo concentrações mais baixas de DEET podem precisar ser reaplicados, dependendo do tempo que a pessoa fica ao ar livre”, explica o CDC.
Onde ocorre a infecção
As infecções por febre maculosa ocorrem essencialmente em locais com vegetação, onde pode haver o contato com carrapatos. No Brasil, a doença é transmitida por duas espécies de bactérias: a Rickettsia rickettsii e a Rickettsia parkeri.
A Rickettsia rickettsii leva ao quadro de Febre Maculosa Brasileira (FMB), considerada grave. Ela é registrada no norte do estado do Paraná e nos estados da Região Sudeste. A Rickettsia parkeri, que tem sido registrada em ambientes de Mata Atlântica do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, da Bahia e do Ceará, leva a quadros clínicos de febre maculosa menos graves.
A doença não é registrada no Distrito Federal desde 2019, quando houve apenas um caso, segundo dados da Secretaria de Saúde (SES/DF).
Proteção adicional
Além do repelente, o médico indica que as pessoas deem preferência por roupas claras durante as atividades ao ar livre para facilitar que carrapatos sejam encontrados e retirados antes que entrem em contato com a pele. “Sempre deve-se fazer buscas por carrapatos no corpo após uma atividade ao ar livre”, afirma.
O traje deve ser completado com calçados fechados, com meias sobre as calças e camisa dentro da calça, para evitar frestas onde carrapatos possam entrar por dentro das roupas.
Ao chegar em casa, essas roupas devem ficar na área de serviço ou lavanderia, para não carregar carrapatos para dentro de casa. “De preferência, as roupas devem ser lavadas ou mantidas em sacos de plástico fechados até o momento da lavagem”, aponta o médico.