O presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre, Moisés Diniz, enquanto discursava na sessão desta quarta-feira (21), da Aleac, aproveitou para tecer críticas ao projeto de 12 cientistas que cavou um poço com mais de 2 quilômetros de profundidade, em Rodrigues Alves, no Acre.
A iniciativa faz parte de um projeto de pesquisa que deverá estudar como era a vida na Amazônia em até 65 milhões de anos atrás, logo após a extinção dos dinossauros e, no Brasil, o projeto é organizado pela Universidade de São Paulo (USP). Ao falar sobre a pesquisa, Diniz disse que nem os cientistas, nem a USP procuraram o governo para pedir autorização ou propor uma parceria.
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“Eu fiquei com vergonha. 76 cientistas estão em Rodrigues Alves furando um poço de 2 mil metros, em um consórcio multinacional. Nós estamos fora. A FAPAC tá fora. A Assembleia Legislativa tá fora. O Acre está fora”, disse.
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A previsão é de que a perfuração demore cerca de 3 meses para ser finalizada. Além do município do Vale do Juruá, os pesquisadores também irão perfurar um poço em Bagre, interior do Pará.
Entenda o projeto
A partir do poço, será possível coletar informações de como a Amazônia se formou, se modificou ao longo do tempo e como ela deverá se portar no futuro, principalmente com as mudanças climáticas. Cada informação coletada, é chamada de “testemunho” pelos pesquisadores.
“Cada “testemunho” é uma amostra cilíndrica de até seis metros (m) de comprimento, contendo uma amostragem vertical das diversas camadas de rocha e sedimento que compõem o subsolo da floresta. Cada uma dessas camadas, por sua vez, contém uma série de evidências físicas, químicas e biológicas que os cientistas podem analisar em laboratório para inferir como era o mundo à época em que aquela camada estava na superfície. Fazendo uma analogia, é como se você enfiasse um canudo num bolo para tirar uma amostra das suas camadas e descobrir do que cada uma delas é feita”, diz trecho da matéria publicada no Jornal da USP.
Só no Acre, os pesquisadores estimam que mais de 1.300 “testemunhas” sejam coletadas. O professor da USP, André Sawakuchi, diz que esse número é um dos maiores já previstos em uma pesquisa desse estilo. “Isso é muitas vezes mais do que qualquer coisa que foi feita até hoje para entender essa origem da Amazônia na perspectiva geológica”, salientou.