Mudanças climáticas devem devastar floresta no Acre em 2023, diz inteligência artificial

Em um balanço geral das ações, Semapi divulga quais as prioridades do Governo do Acre para a pasta

Um levantamento feito pela plataforma de inteligência artificial PrevisIA, chegou a conclusão: em 2023, se o ritmo da derrubada de árvores da Amazônia não for interrompido, a floresta pode perder mais 11.805 km² de mata nativa. O Acre, mesmo ocupando a segunda menor área da região que representa a Amazônia Legal Brasileira, aparece como a quarta maior área sob risco de derrubada na estimativa: 1.269 km².

O estudo foi divulgado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). A plataforma identificou que além da devastação de mata nativa, a previsão é um aumento significativo nas emissões de gases do efeito estufa, que estão relacionados com a maior frequência e intensidade de fenômenos climáticos extremos, já presenciados no Acre, como as recentes cheias dos rios e logo em seguida, severas secas prolongadas.

Desmatamento no Acre deve representar a quarta maior derrubada de áreas nativas da Amazônia Legal em 2023/Foto: Juan Diaz/ContilNet

No ano passado, a plataforma que é desenvolvida pelo Imazon em parceria com a Microsoft e o Fundo Vale, teve uma acertividade de quase 80% das previsões feitas. Se os números forem concretizados, 2023 pode ter a segunda maior desmatamento desde 2008, atrás apenas de 2021, quando a pasta do Meio Ambiente era gerida pelo ex-ministro Ricardo Salles, no governo Bolsonaro.

Ainda na pesquisa, a plataforma identificou quais municípios  da região correm o maior risco de devastação desenfreada. No Acre, Feijó aparece como o 8 município na linha de derrubada da Amazônia Legal. O município do Vale do Juruá tem 250 km² ameaçados de serem desmatados.

Resex Chico Mendes pode ocupar a segunda reserva ambiental mais ameaçada/Foto: Juan Diaz/ContilNet

Das 803 áreas protegidas da Amazônia, que correspondem a terras indígenas, unidades de conservação e territórios quilombolas, 653 estão sob risco de desmatamento em 2023. Uma das reservas mais importantes para o ecossistema do país, a Resex Chico Mendes, no Acre, criada em 12 de março de 1990, e com uma área de 970.570 hectares, aparece como a segunda em maior risco de desmatamento no ano, com 120 km².

Governo do Acre e os impactos ambientais no estado

No Dia do Meio Ambiente, comemorado nesta segunda-feira (5), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Políticas Indígenas (Semapi) do Acre, fez um balanço das ações feitas pela gestão estadual que visam diminuir o impacto ambiental no estado.

O órgão declarou que uma das alternativas para frear os números recordes na Amazônia, é a regularização ambiental, pauta defendida pelo governador Gladson Cameli, e que por meio do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e do Programa de Regularização Ambiental (PRA), a Semapi, em parceria com o Imac, vem possibilitando a todos os produtores rurais que tenham seus imóveis regularizados, o que facilita o acesso ao crédito e financiamento rural e a comercialização dos produtos da agricultura e pecuária no estado.

Semapi diz que desenvolve ações para a preservação, conservação, gestão de áreas protegidas e recursos hídricos/Foto: Juan Diaz/ContilNet

A Semapi cita ainda o Plano Estadual de Recuperação da Vegetação Nativa, que pretende construir e formular políticas e a concentrar  todas as ações para a restauração florestal, além da promover a segurança alimentar para as comunidades mais distantes.

Uma das maiores preocupações da pasta é sobre os impactos das mudanças climáticas/Foto: Juan Diaz/ContilNet

O governo pretende ainda fortalecer o PPCDQ-AC, plano de controle de queimadas e desmatamento ilegal.

“Vamos continuar promovendo a integração e maior eficiência das ações. Para isso, realizamos uma reunião do Comitê de Ações Integradas de Meio Ambiente e apresentamos aos representantes dos órgãos presentes a criação de uma sala de situação, coordenada pela Semapi”, acrescenta a secretária Julie Messias.

Gladson diz que a regularização ambiental é prioridade na gestão estadual do Acre/Foto: ContilNet

O plano do governo é aprimorar ainda mais o Cigma, Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental, no Acre, que segundo a pasta é “um importante instrumento que auxilia na tomada de decisões frente às mudanças climáticas, impactos de eventos extremos, com dados hidrometeorológicos e de redução do desmatamento, degradação florestal e licenciamento ambiental”.

Desmatamento caiu nos primeiros meses

A Semapi lembra ainda que nos três primeiros meses de 2023,  foram detectados 667 alertas de desmatamento, sendo que no mesmo período do ano passado eram 1.076, ou seja, uma redução de 38%, de acordo com entro Integrado de Geoprocessamento Ambiental (Cigma), da Secretaria do Meio Ambiente e das Políticas Indígenas (Semapi), são baseados em um levantamento feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), indo contra as previsões feitas pela plataforma de inteligência artificial do Imazon.

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